Londrina teve uma redução de 42% nas mortes em confrontos policiais. Apesar disso, a cidade ainda é a segunda paranaense que mais mata em ações das forças de segurança. No ano passado foram 29 ocorrências, contra 50 óbitos em 2022. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (3) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Paraná.

O Paraná também apresentou queda de 28,7% nos registros. Diminuindo de 348 óbitos em 2023 para 488 óbitos em 2022. Segundo o coordenador do Gaeco, procurador de Justiça Leonir Batisti, foram 343 mortes em confronto com a Polícia Militar e cinco com as guardas municipais.

"Essas 348 mortes não significam necessariamente 348 eventos. Ao contrário, nós temos aí 70% a 80% de eventos, porque há aqueles eventos que causam duas a três mortes. Infelizmente isso não é tão incomum", afirmou Batisti em entrevista coletiva.

Conforme o balanço, houve mortes de civis em confronto com a Polícia Militar em 82 cidades paranaenses e uma catarinense (Itapema). No topo da lista estão Curitiba (70 casos), Londrina (29), Foz do Iguaçu (13), Maringá (11), Piraquara (11), Apucarana (9), Paranaguá (9), Pinhais (9), Ponta Grossa (9) e São José dos Pinhais (8).

Batisti ressaltou que, pela primeira vez desde 2020, o estado registrou queda nos óbitos em confronto.

"Dentro de uma situação ruim, deixou de piorar. Sempre me perguntam ao que nós atribuímos essa redução, e eu quero reafirmar que isso está principalmente dentro da própria polícia, ou seja, se nós temos uma polícia que é orientada a ser aquilo que se chama de polícia cidadã, que é a força do estado sim, mas que deve agir em obediência estrita a todos os preceitos legais, isso tende a reduzir o prejuízo", analisou.

Embora tenha existido uma redução, o coordenador do Gaeco lembrou que a polícia brasileira ainda é uma das que mais mata.

"A polícia brasileira tem uma participação em mortes mais significativa do que em outros países. Problema: qual é a característica da criminalidade de outros países? São substancialmente diferentes os países do Oriente dos países da América Latina pelas nossas características culturais e sociais", considerou.

De acordo com Batisti, o controle estatístico das mortes em confrontos policiais faz parte de uma estratégia do Gaeco para reduzir a violência das abordagens conduzidas pela polícia.

"Eu sei que é lamentável qualquer morte. O ideal no nosso mundo seria que nós não tivéssemos mortes causadas. Sei que mães sofrem, que pais sofrem etc. Mas a vida é assim que se apresenta. Nosso papel não é discorrer muito sobre isso, mas é efetivamente tentar uma apuração", explicou.

Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública não comentou o levantamento.