Londrina - Lenhadores pretendem criar uma cooperativa para erradicar árvores condenadas em Londrina. A sugestão foi levantada ontem à tarde, durante uma audiência pública organizada para discutir a falta de capacidade da prefeitura para atender todos os pedidos de corte e poda. Segundo a Secretaria Municipal do Ambiente existem hoje 6 mil pedidos cadastrados, metade deles é de corte e a outra de poda.
O problema é que antes a Prefeitura contava com sete equipes para realizar o serviço, mas hoje só existe uma equipe, com média de idade de 50 anos. Os funcionários usam três serras elétricas e um apenas um caminhão.
Segundo um dos lenhadores, Antônio Marcos Ranieri, a ideia de se criar uma cooperativa possibilitaria que eles assumissem parte do serviço, o que também facilitaria a
fiscalização.
A Copel sugeriu a retomada de um contrato para o repasse de mudas para a Prefeitura em substituição às árvores inadequadas para as calçadas e que ficam sob a rede de energia e também para a recomposição dos fundos de vales.
O engenheiro Eduardo Oyama destacou que um contrato semelhante havia sido firmado em 2003, mas com as mudanças de administração impediram o prosseguimento do acordo. "Em Arapongas fizemos isso e não houve problemas com o vendaval", destacou. Ele explicou que se o contrato tivesse sido mantido, hoje Londrina teria 40 mil árvores substituídas.
O contrato previa o repasse de R$ 102,32 e mais duas mudas por árvore substituída. Oyama explicou que se fosse retomado hoje, não poderia repassar o valor em dinheiro devido a uma dívida da Prefeitura com a companhia de energia, mas que, no lugar do dinheiro, as mudas de árvore poderiam ser entregues. O secretário municipal do Ambiente, Cleuber Moraes Brito, mostrou interesse em retomar essa parceria.
Enquanto as ideias não saem do papel, a população sofre com a demora para podas e erradicações de árvores. Desde 30 de janeiro de 2008, Francisco Raimundo Felizardo aguarda funcionários da Sema para a retirada da árvore que fica em frente à casa dele. O pedido, aprovado há mais de cinco anos, foi deixado na fila de espera. Felizardo mora no Jardim Coliseu (zona norte) e foi surpreendido pela força do temporal registrado no dia 22 de setembro.
Na ocasião, parte da árvore caiu sobre a rua e impediu a passagem dos carros. Outros galhos também permaneceram em frente ao portão de uma residência que fica ao lado. "Essa árvore está condenada. Se ela cair, quem vai pagar o prejuízo?", questionou o morador.
Os fios da rede de energia elétrica impedem que qualquer profissional faça a poda da árvore. A vizinha de Felizardo, a dona de casa Neusa Aparecida Covino, destacou que também já fez inúmeros pedidos para o recolhimento dos resíduos que permanecem no local. "Me disseram para ter paciência e que os galhos seriam recolhidos em, no máximo, 15 dias. Até agora, nada", contou indignada. A preocupação dos moradores é com a falta de segurança já que é possível que assaltantes se encondam atrás da quantidade de resíduos. "E se algum rapaz colocar fogo nesses galhos? O que a gente vai fazer?", perguntou Neusa.
Parte de uma árvore da Rua Mem de Sá, na Vila Nova, região central de Londrina, também não resistiu aos ventos que atingiram mais de 100 km/h no final de setembro. Desde estão, galhos ocupam toda a frente de uma das casas e impedem a passagem dos pedestres em um dos lados. O mesmo problema também foi registrado na Rua Pastor Nestor do Carmo, no Conjunto Maria Cecília (zona norte).