Alvorada do Sul - A mais recente ocupação do Estado é a da Fazenda Itaverá, em Alvorada do Sul. Com 2,5 mil hectares cobertos principalmente com cana-de-açúcar, a propriedade é alvo de disputa entre os sem-terra e o Grupo Atalla, proprietário da área, há sete anos. Cerca de 300 trabalhadores rurais sem-terra ligados a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) ocuparam a fazenda no Dia do Trabalho.
Depois de sete invasões nos últimos sete anos, os sem-terra prometem que, desta vez, não vão deixar a fazenda. Eles cobram agilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no processo de desapropriação. Apesar de se tratar de área produtiva, arrendada para uma empresa que plantou cana-de-açúcar, a propriedade sofre processo de desapropriação por conta de dívidas com a União. De acordo com o Incra, o Grupo Atalla deve mais de R$ 500 milhões à Fazenda Nacional.
"Essa cana foi plantada na correria só pra dizer que a fazenda é produtiva. O País não precisa dessa monocultura que só traz pobreza para o povo. Com a agricultura familiar, a comida chega mais barata nos mercados, na merenda das crianças", defende Amaro Ferreira de Lima, de 46 anos, um dos acampados na Itaverá.
Com a expectativa de uma possível decisão da Justiça autorizando o loteamento da área, vários sem-terra chegam todos os dias na fazenda, alguns de carro, outros de ônibus. Famílias do Norte e Oeste do Estado, Santa Catarina, interior de São Paulo e até do Paraguai.
Uma caminhonete grande passa distribuindo lona para os acampados erguerem os barracos. Eles procuraram escapar das áreas descampadas e buscam abrigo próximo às poucas árvores da propriedade. "Esses dias a chuva foi forte e molhou colchões, nossas roupas. É uma vida bem difícil, viu", admite Rosângela Benites, de 26 anos. Ela é mãe de duas filhas. A menor tem pouco mais de 20 dias. "É mais uma que nasce dentro dos acampamentos. Eu mesma vivo desde os 5 anos nessa luta e ainda não consegui meu pedaço de chão", lamenta.(C.F.)