Um estudante de 20 anos do curso de Direito de uma universidade particular da zona oeste de Londrina foi preso na manhã desta segunda-feira (20) pela Polícia Federal. O jovem, até o final de outubro, atuava como estagiário na área previdenciária da Justiça Federal. Segundo as investigações, ele aproveitou-se dessa função para acessar ilegalmente, por meio de uma senha, as movimentações do processo criminal envolvendo o traficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como "Cabeça Branca".

O criminoso foi detido em julho pela Polícia Federal em Sorriso, no interior do Mato Grosso. Ele era procurado há cerca de 30 anos. Segundo o delegado Elvis Secco, a monitoração irregular pode trazer prejuízos para o andamento da Operação Spectrum, que prendeu Rocha. "Ele obteve informações privilegiadas, inclusive de etapas que sequer foram deflagradas, como uma apreensão que está sendo preparada ou até mesmo uma prisão, por exemplo. O trabalho feito até agora pela polícia pode ir por água abaixo", comentou.

Conforme Secco, o jovem não poderia acessar os processos fora de sua área de atuação, que era a previdenciária. Além disso, o acompanhamento eletrônico é proibido fora do prédio da Justiça Federal. "É uma situação que coloca em risco uma operação que começou há dois anos e não tem data para ser concluída. Pelo depoimento prestado, o estudante confessou que fornecia as senhas para parentes próximos ao Cabeça Branca. Era uma relação bem íntima", pontuou.

Como a prisão é temporária "e o investigado está colaborando com a PF", o delegado adiantou que não deve representar pela detenção preventiva. Com a Justiça Federal disponibilizou os IPs (dispositivo que identifica um computador) dos aparelhos que também quebraram o sigilo dos processos, Secco reiterou que o próximo passo "é convocar os demais usuários para prestarem esclarecimentos".