Alunos da rede estadual de ensino de Londrina criaram um evento no Facebook intitulado "Secundaristas contra o retrocesso", que tem por objetivo protestar contra três pontos em discussão atualmente em âmbito federal: a reforma do ensino médio, a PEC 241 - que pretende conter o aumento dos gastos federais - e o corte de verbas no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MTIC), presidido pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) desde o início da gestão Michel Temer.
Na rede social, mais de 6 mil pessoas foram convidadas. Durante a tarde de terça-feira (27), cerca de 394 confirmaram presença e outras 344 manifestaram interesse. O ato está programado para acontecer a partir das 10h da próxima quinta-feira (29). Os alunos irão se reunir em frente ao Banco do Brasil, na Avenida Paraná, região central de Londrina. A ideia é caminhar ao longo do Calçadão, promovendo discussão sobre os motivos do protesto e distribuindo panfletos para os pedestres que estiverem no centro da cidade.
De acordo com o estudante Eduardo Carvalho, um dos organizadores do ato, o pico do movimento deve acontecer perto das 12h. "Pretendemos fazer uma grande mobilização. Há possibilidade de mais protestos acontecerem na cidade, mas vamos aguardar a repercussão deste primeiro para ver o que faremos daqui para frente", disse. A descrição no Facebook salienta que a organização é feita por alunos do Colégio Estadual Marcelino Champagnat, mas Carvalho reforçou "que todos estão convidados".
Na visão do jovem, a insatisfação da classe estudantil se deve principalmente à proposta de reforma do ensino médio. "É um assunto que sequer foi discutido com as pessoas que estão diretamente envolvidas, como professores e os alunos. Queremos abrir um diálogo e ter a nossa opinião respeitada", comentou. Desde a semana passada, o posicionamento do governo federal tem surtido efeitos, na maioria contrários, em boa parte do Brasil.
O texto integral da Medida Provisória (MP) foi apresentado na última quinta-feira (22). O documento contém a obrigatoriedade de disciplinas de Português, Matemática e Inglês. Críticas levaram o governo a voltar atrás e manter temporariamente a obrigatoriedade das disciplinas como Educação Física e Artes, que haviam sido retiradas do currículo dos jovens pela nova proposta, mas Filosofia e Sociologia permanecem de fora.
O Senado Federal lançou uma consulta pública nesta semana para que a população possa opinar sobre a MP 746/2016. Até as 18h desta terça-feira (27), a medida já tinha mais de 46,7 mil votos contrários e cerca de 2,1 mil favoráveis.
Através de nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seed-PR) não confirmou se as aulas serão ou não suspensas, mas apenas informou que "o Núcleo Regional de Educação está acompanhando o caso para garantir que não aconteçam prejuízos pedagógicos devido à possível mobilização". (Com Agência Estado)