Alunos do Marcelino Champagnat encabeçam protesto contra as mudanças no ensino médio
Alunos do Marcelino Champagnat encabeçam protesto contra as mudanças no ensino médio | Foto: Saulo Ohara



Nos bancos escolares, o anúncio da reforma do ensino médio por meio de medida provisória (MP) foi recebido com preocupação. Diante da publicação que suprimia a obrigatoriedade das disciplinas de artes, educação física, filosofia e sociologia do currículo e, depois, com o recuo, que reconsiderou a decisão, os estudantes parecem ter mais dúvidas do que certezas sobre o assunto.
Eduardo Carvalho, de 16 anos, considera que a medida provisória deixa várias pontas soltas. "Eles anunciaram um pacote de medidas para medir a febre da sociedade e depois, com toda a rejeição, voltaram atrás. Assim, temos cada dia uma notícia. São várias desinformações a respeito de um tema tão sério", avalia. Ele estuda no Colégio Marcelino Champagnat, no centro de Londrina, e ao lado de Vanessa Viana, Larissa Geovana e Isabella Souza, todas de 17 anos, é um dos organizadores do protesto intitulado "Secundaristas contra o Retrocesso".
Segundo ele, a mobilização que ocorre nesta quinta (29) no Calçadão de Londrina deve reunir estudantes de Londrina, Cambé e Ibiporã. Até o final da tarde desta quarta-feira, mais de 650 pessoas já haviam confirmado presença no evento pelas redes sociais. "É um protesto para mostrarmos nossa indignação tanto pela forma como está sendo feita essa reforma como pela maioria das mudanças propostas, que nós consideramos um retrocesso", pontua.
Vanessa Mota também estuda no Marcelino Champagnat e pretende cursar Filosofia no próximo ano. Ela considera prejudicial a retirada de disciplinas de "extrema importância" do currículo escolar. "Pela MP, o aluno vai decidir o que vai querer estudar, mas entre as opções que a escola ofertar. Se só um aluno tiver interesse em filosofia, por exemplo, a escola vai manter um professor exclusivo para ele?", questiona.
Larissa Geovana e Isabella Souza visam dois dos cursos mais concorridos: Medicina e Direito, respectivamente. No entanto, as duas ressaltam importância da formação humanística proporcionada por disciplinas como sociologia e artes e os benefícios da educação física. "Só queremos que os estudantes sejam ouvidos. Pelo que sentimos, a insatisfação é geral", comenta Larissa.
Além da reforma do ensino médio, o protesto questiona a PEC 241 - que pretende conter o aumento dos gastos federais - e o corte de verbas no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MTIC).(C.F.)