Imagem ilustrativa da imagem Estudantes de colégios ocupados de Londrina se reúnem para definir rumos do movimento
| Foto: Celso Pacheco



Representantes dos colégios estaduais que estão ou estiveram ocupados se reúnem, na manhã desta quarta-feira (26), no Newton Guimarães, para discutir os próximos passos do movimento. Na última terça (25), foram cumpridos cinco dos seis mandados de reintegração de posse expedidos pela Justiça, liberando os colégios Hugo Simas, Professora Ubedulha de Oliveira, Instituto de Educação Estadual de Londrina (IEEL), Vicente Rijo e Marcelino Champagnat. A decisão judicial do Professora Maria José Aguilera, no conjunto Cafezal, não pôde ser cumprida ontem e deverá ser acatada no final da tarde de hoje. Vinte e uma unidades seguem ocupadas.

O encontro entre os estudantes começou por volta das 9h. Apenas secundaristas puderam entrar para acompanhar e participar das discussões. Entre os principais itens da pauta estão táticas de manifestação para dar continuidade ao movimento fora das escolas; como coibir as invasões do Movimento Brasil Livre - que é contra as ocupações e tem protagonizado confusões nas entradas dos colégios; a produção de materiais para divulgar as posições e ideias do movimento à sociedade; a organização de manifestações externas, sobretudo em locais públicos da cidade; e a liberação dos colégios para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), agendado para 5 e 6 de novembro. Na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) informou que iria cancelar a aplicação das provas nas unidades que ainda estivessem ocupadas até 31 de outubro.

Sobre a questão do Enem, o movimento afirmou, em texto publicado na página de Facebook Ocupa Londrina, que "precisamos agir com unanimidade e declarar nossa decisão à federação. Sugiro que façamos um jogral, gravemos e enviemos ao governo federal", diz a postagem.

Desocupações

Não houve qualquer registro de incidente ou confusão enquanto os estudantes deixavam as cinco unidades desocupadas na terça. "Tudo foi realizado pacificamente e com tranquilidade", afirma a chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Londrina, Lúcia Cortez Martins.

Na manhã desta quarta (26), a reportagem do Portal Bonde teve oportunidade de visitar o IEEL, um dos colégios que foram deixados pelos manifestantes. Segundo a diretora-geral, Rosicler Bueno, todos os locais utilizados pelos alunos foram encontrados organizados e limpos. Eles também cultivaram uma horta e até trocaram as carteiras velhas de algumas salas pelas novas, que chegaram justamente nos primeiros dias de ocupação. Dos cerca de 2,1 mil alunos - considerando os ensinos fundamental, médio e profissionalizante -, um grupo de aproximadamente 20 participou ativamente da ocupação ao longo das últimas duas semanas.

As aulas no IEEL foram retomadas hoje e devem ser totalmente normalizadas ao longo dos próximos dias. Ainda de acordo com Rosicler, o recesso decretado pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) impediu que o cronograma letivo fosse mais prejudicado. Nos cálculos da diretora, será necessário repor apenas cinco dias, o que provavelmente será feito nos sábados de novembro e dezembro. O ano letivo se encerraria em 21 de dezembro, mas deverá ser prorrogado por mais uma semana, terminando no dia 28.

Apesar de reconhecer que a ocupação de certa forma prejudicou um pouco mais o calendário letivo desse ano, já bastante modificado devido às paralisações dos professores da rede estadual realizadas em 2015 e também em 2016, a diretora elogiou a iniciativa dos estudantes. "Estamos lutando há anos por melhoras na educação pública. Entendemos como positiva a mobilização dos nossos alunos, eles estavam bem informados, organizados e tinham seu propósito. Se por um lado foi momentaneamente prejudicial pela interrupção das aulas, por outro o grupo demonstrou sua vontade de lutar pela melhora da educação e estavam pensando a longo prazo, talvez até na situação que os filhos deles irão encontrar daqui a alguns anos", avalia.

Os estudantes que fizeram parte do grupo que ocupou o IEEL preferiram não se manifestar individualmente.

Desde o dia 17, os educadores da rede estadual estão de greve contra a emenda enviada pela governador Beto Richa à Assembleia Legislativa (Alep) suspendendo o reajuste que seria concedido a todos os servidores públicos do estado em janeiro do ano que vem.