Brasília - Após uma leva de renúncias que atingiu mais de cem pesquisadores ligados à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o órgão perdeu seu diretor de Avaliação, Flavio Anastacio de Oliveira Camargo. A baixa ocorreu nesta terça-feira (14).

Imagem ilustrativa da imagem Diretor de Avaliação da Capes pede demissão após renúncia de pesquisadores
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Essa é a primeira demissão no alto escalão da Capes, instituição vinculada ao Ministério da Educação. As renúncias anteriores atingiram coordenadores e consultores que não são servidores do órgão, mas têm papel central na avaliação da pós-graduação do País.

Segundo relatos, o diretor não vinha se sentindo à vontade no cargo, cuja função envolve a avaliação da pós-graduação, no centro de uma controvérsia desde o fim de novembro. Ele também teria alegado problemas de saúde.

Procurada, a presidente da Capes, Cláudia Mansani Queda de Toledo, confirmou que recebeu uma carta com pedido de exoneração indicando questão de saúde. "Para a segurança da academia, para a estabilidade de todo sistema de pós-graduação, indicarei com muita cautela o nome de um ou uma grande cientista para que a academia se sinta muito segura na condução do processo de avaliação, que é meta inarredável da minha presidência", disse Toledo. Camargo foi procurado, mas não respondeu à reportagem.

A demissão, segundo pesquisadores consultados, amplia a crise que vive atualmente o órgão. Coordenadores e consultores de 4 das 49 áreas de avaliação da pós-graduação já se desligaram, desde o fim de novembro, das atividades com fortes críticas aos gestores do órgão.

Esses pesquisadores criticam os rumos do órgão e denunciam supostas pressões para acelerar a abertura de novos cursos e aprovar ofertas a distância. Eles se queixam também de suposto descaso para a retomada da avaliação dos programas, que chegou a interrompida pela Justiça.

No centro da crise está a Avaliação Quadrienal da pós-graduação (mestrados e doutorados) relativa ao período 2017-2020. As atividades foram interrompidas por decisão judicial em setembro, e foram o estopim para as primeiras renúncias.

No dia 2 deste mês, a Justiça autorizou a retomada dos trabalhos. A decisão, que atende ação do Ministério Público Federal, manteve o veto à divulgação dos resultados.

Os coordenadores pediram à presidência que estenda os mandatos deles até dezembro de 2022 para que a avaliação seja finalizada. Toledo havia dito que estudaria a data, que entendia muito longa, mas anunciou nesta terça (14) que irá acatar o pedido de renovação dos mandatos até o fim do próximo ano.

Esse processo atribui notas que vão até sete, de acordo com a qualidade dos mestrados e doutorados. Essa classificação tem relação com a quantidade de bolsas de pesquisa concedidas - notas abaixo de três podem descredenciar os programas.