Do pãozinho francês de todo dia à cerveja do fim de semana, o glúten está presente no dia a dia do brasileiro. Agora, imagina se, de uma hora para outra, você precisasse retirar todos os alimentos que contêm trigo, cevada e centeio da sua dieta? Pode parecer difícil - e é - e essa é a realidade da jornalista Patrícia Maria Alves e de outras tantas pessoas que convivem com a doença celíaca. A condição autoimune exige uma restrição alimentar a fim de evitar os sintomas, como dores abdominais, vômitos e diarreias, e problemas como atrofia instestinal e até levar à morte.

O podcast ‘De Repente, Celíaca’ surge das experiências de Alves e da vontade de fazer com que mais pessoas conheçam e entendam o que é a doença celíaca. A série vai trazer especialistas no assunto e pessoas que mudaram de vida a partir do diagnóstico, que por vezes pode parecer assustador. O primeiro dos seis episódios da série será lançado nesta sexta-feira (10), um ano após o diagnóstico da jornalista, em todas as plataformas de streaming.

Alves conta que meses antes do diagnóstico, o corpo já dava alguns indícios de que algo não ia bem, o que a motivou a procurar ajuda. No médico, ainda sem desconfiar de nada, ela fez uma endoscopia. Então, no dia 10 de novembro de 2022, ela recebeu o diagnóstico de que era celíaca, que basicamente é uma reação inflamatória do corpo após a ingestão do glúten.

Como se alguém estivesse mexendo os ‘pauzinhos’ em algum lugar do universo, o diagnóstico veio no dia do aniversário dela, assim como no Dia do Trigo. O bolo de chocolate, morango e creme que tinha encomendado precisou ser deixado de lado.

Afirmando que tudo mudou após o diagnóstico, a jornalista admite que é difícil retirar o glúten da dieta e que, hora ou outra, é possível encontrá-la, sorrateiramente, comendo um pão na chapa em alguma padaria da cidade.

A partir daí, surgiu a ideia de levar informações sobre a doença celíaca para todas as pessoas através de um podcast, que vai contar a história de pessoas que, assim como ela, enfrentam a condição e tudo o que vem junto. Apesar de, inicialmente, questionar o famoso “por que eu?”, ela conta que descobriu pessoas que fazem um trabalho muito importante ao falar sobre a doença celíaca e que a fizeram entender que o diagnóstico não é o fim do mundo.

Alves ressalta que o podcast é uma forma de fazer com que os celíacos entendam que não estão sozinhos, começando por ela, assim como colocar uma “pulga atrás da orelha” de quem tem sintomas da doença, como dores e desconfortos abdominais após a ingestão do glúten. “De repente, vai que eles são celíacos também”, aponta.

Sobre o podcast, ela adianta que os ouvintes podem esperar uma radionovela que vai trazer uma história, por vezes cômica, de uma pessoa que sai da completa ignorância sobre o assunto e que, como um tapa na cara, é obrigada a enfrentar o outro lado da moeda. “Foi o carma que eu paguei mais rápido de todo o universo”, admite.

Patrícia Maria Alves afirma que o podcast traz uma autocrítica já que, por desconhecimento, ela ignorava a doença celíaca e que, ao conhecer o outro lado, passou a entender a importância dessa condição, que vai muito além do “não poder comer algo”. O podcast vai trazer uma entrevista com o médico Alessio Fasano, responsável por avanços nos estudos sobre a doença celíaca em todo o mundo. “Ele mudou e revolucionou a cadeia do glúten e as regulamentações do glúten nos Estados Unidos”, explica.

Por aqui, foram entrevistadas pessoas que criaram indústrias e comércios a partir de uma receita sem glúten que fizeram para elas mesmas ou para filhos e parentes. O podcast também vai trazer informações sobre toda a cadeia do glúten, que vai da colheita do trigo à indústria e ao mercado.

O podcast conta com seis episódios que serão lançados às sextas-feiras em todas as plataformas de streaming, começando neste dia 10 de novembro, um ano após o diagnóstico de Alves, e tem roteiro do jornalista Teixeira Quintiliano. Ao ser questionada sobre como está hoje, a jornalista faz mistério e diz que todo mundo só vai ficar sabendo ao longo dos episódios da série.

CAMPANHA

A jornalista acrescenta que o ‘De Repente, Celíaca’ vai lançar uma campanha de financiamento coletivo para que as informações alcancem e auxiliem o maior número de pessoas para que elas entendam mais sobre a doença celíaca, principalmente para quem está entrando agora nesse universo, após o diagnóstico. Segundo ela, quem apoiar o projeto vai ser premiado com canecas e camisetas personalizadas, que podem ser enviadas para apoiadores de todo o Brasil.

“As pessoas que nos apoiarem vão estar ajudando a fazer o impulsionamento do podcast para que ele alcance o maior número de gente possível com essas informações que vamos divulgar”, explica. O link para ser um apoiador do ‘De Repente, Celíaca’ vai estar disponível em todas as redes sociais e no site da Folha de Londrina.

CONTEÚDO DE UTILIDADE PÚBLICA

José Nicolás Mejía, superintendente do Grupo Folha de Londrina, ressalta a importância do lançamento do podcast produzido pelo iEstúdio Folha, ainda mais voltado à área da saúde. Segundo ele, é uma forma para que as pessoas conheçam como a doença celíaca é, auxiliando no diagnóstico e fazendo com que busquem formas de melhorar sua qualidade de vida. “Nós queremos realmente criar um conteúdo rico na área da saúde e que possa ser de utilidade pública através dos nossos veículos de comunicação e, nesse caso, utilizando o podcast como forma de produção de conteúdos”, destaca.

DO TRÁGICO AO CÔMICO

Figura central dentro do podcast, Lúcio Flávio Cruz, repórter da FOLHA, dá voz ao narrador. Descrevendo a experiência como incrível, ele afirma que é a primeira vez que faz um trabalho de narração nesse formato. “O podcast tem um roteiro superinteressante e um ritmo que vai deixar todo mundo ligado do primeiro minuto até o final”, conta.

Ele explica que conhecia pouco sobre a doença celíaca e que o podcast se propõe é justamente a trazer a discussão sobre o assunto. “As pessoas poderão sentir na pele todo o drama que a Patrícia [Maria Alves] passou para descobrir o que realmente ela tinha e terão muitas informações científicas sobre a doença, com declaração de especialistas sobre o tratamento e os caminhos que os celíacos podem percorrer para ter qualidade de vida”, adianta. Cruz afirma que a história tem seus momentos de drama, mas que o enredo é divertido e descolado, trazendo um assunto importante sem ser massante. “É um podcast alegre e gostoso de ouvir, e muito útil para as pessoas entenderem o que é a doença celíaca”, ressalta.

INSPIRAÇÃO

Designer gráfico por formação e ilustrador por prazer, Rafael Pereira Costa foi o responsável por transformar as informações e as histórias do ‘De Repente, Celíaca em imagens e desenhos’ em um processo que ele definiu como “muito divertido”. “A inspiração foi ela [Patrícia Maria Alves]. Todo o projeto gráfico girou em torno dela, a paleta tem as cores preferidas dela e o desenho é inspirado nela”, explica. Segundo ele, já a opção por trazer tons mais “lavados”, como amarelo, magenta, ciano e preto, remete à impressão que é feita pelo jornal. A animação será publicada toda semana nos canais do youtube da Folha de Londrina (@folhadelondrina)

CONFIRA A ANIMAÇÃO: