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| Foto: Fotos: Fábio Alcover
Apenas as equipes ProcoBaja, de Cornélio Procópio, e Gralha Azul, de Ponta Grossa, foram consideradas aptas a competir


A experiência na utilização dos conhecimentos de engenharia mecânica na concepção de um veículo, desde o projeto até a fabricação das peças e do protótipo, pode ser um grande diferencial para os estudantes que deixam a faculdade e ingressam no mercado de trabalho. O Projeto Baja SAE, criado na década de 1970, na Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, surgiu para desafiar os futuros engenheiros a aplicarem ainda na faculdade a teoria na prática, conferindo a eles habilidades não apenas no desenvolvimento do projeto, mas também na resolução de problemas. No Brasil, o Baja SAE chegou cerca de 20 anos mais tarde e as competições regionais e nacionais atraem centenas de estudantes que buscam ampliar os conhecimentos obtidos em sala de aula.

Neste final de semana, Londrina sediou o I InterBaja, promovido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, reunindo cerca de 250 estudantes de Engenharia Mecânica de seis campus da UTFPR no Estado e a maioria deles trouxe seus protótipos para competir. No sábado, os veículos foram avaliados por convidados do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que fizeram uma análise minuciosa com base não apenas em critérios mecânicos, mas também de segurança. Após a avaliação, apenas as equipes ProcoBaja, de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), e Gralha Azul, de Ponta Grossa (Campos Gerais), foram consideradas aptas a correr na pista construída especialmente para o evento. O protótipo de Londrina não passou no teste de segurança.

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"A caixa de transmissão foi fabricada a partir dos processos de fundição e usinagem de precisão. Isso é um diferencial", explicou Lucas Borges da Silva


A competição consiste em duas corridas de duas horas de duração cada uma. Os carros são do modelo gaiolão e o motor de 10 Hp é utilizado em todos os protótipos - o diferencial está na suspensão e direção. "Todo o nosso sistema de suspensão e direção foi um projeto interno da equipe. A caixa de transmissão foi fabricada dentro da universidade a partir dos processos de fundição e usinagem de precisão. Isso é um diferencial dentro da competição. Não são todas as equipes que fazem isso", explicou o estudante do 2º ano do curso de Engenharia Mecânica do campus de Ponta Grossa Lucas Vinícius Borges da Silva. A equipe Gralha Azul conta com 18 integrantes.

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Equipe de Cornélio Procópio trabalha há dois anos no projeto do protótipo que foi para a pista em Londrina


Estudante do 4º ano do curso no campus de Cornélio Procópio, Felipe de Oliveira trabalha há dois anos no projeto do protótipo que foi para a pista de competição em Londrina neste domingo (11). "Em 2015 participamos da competição regional do Baja SAE e neste ano competimos na etapa nacional. Este é o último ano do protótipo, que dura dois anos. Para participar da competição nacional no ano que vem, vamos ter que construir outro." Na etapa nacional, o veículo construído pela equipe da qual faz parte largou na 60ª posição e encerrou a prova em 42º lugar. "Foi um ótimo resultado. Muitas equipes que têm alguns anos de experiência não conseguem essa posição", destacou Oliveira.

O protótipo desenvolvido pelos estudantes de Curitiba não participou do I InterBaja porque quebrou e os reparos não puderam ser feitos a tempo. Mesmo assim, João Victor Miyoshi Ferreira, aluno do 2º ano, fez questão de vir a Londrina. "Não trazer o carro é um pouco frustrante, mas eu estou aqui para representar a equipe e poder compartilhar conhecimentos com as outras equipes. Desde que eu entrei na equipe, a experiência que eu adquiri não é possível para nenhum outro aluno que não faz parte do projeto. Participar disso vai ser decisivo no meu futuro profissional", afirmou.

Um dos representantes do ITA no evento, Ronnie Rego destaca os três principais ganhos que o Baja SAE representa para os estudantes de Engenharia Mecânica, sendo o primeiro deles a possibilidade de adquirir conhecimento específico sobre o setor automotivo. Mas Rego também cita o aprendizado em gestão empresarial e o comprometimento como fatores essenciais para a formação de um profissional qualificado. O engenheiro também participou do Baja SAE quando estava na faculdade e foi por meio do projeto que antes mesmo de se formar conseguiu garantir um emprego na fábrica de automóveis Ford Brasil.

O grande obstáculo para a participação dos alunos no projeto, segundo a professora do curso de Engenharia Mecânica do campus Londrina e membro da comissão organizadora do I InterBaja Janaina Fracaro de Souza Gonçalves, ainda é a escassez de recursos. A fabricação do protótipo requer um investimento de cerca de R$ 18 mil e, para levantar os recursos, os alunos fazem promoções e rifas, vendem camisetas e contam com a colaboração de patrocinadores, que fornecem peças e cedem espaços para a montagem dos veículos. "Alguns empresários doam peças, o Sesi cede o espaço para a fabricação do protótipo e para construir a pista onde vai acontecer a competição contamos com o patrocínio de uma empresa de terraplanagem. Tudo é muito difícil", destacou.