Londrina – A Prefeitura de Londrina, com auxílio da Justiça Federal, deu ontem um importante passo para concluir a desapropriação da área que margeia o Aeroporto José Richa. As negociações de toda face sul foram concluídas com a audiência pública coordenada pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejuscon).
O sítio aeroportuário será estendido em 1,4 milhão de metros quadrados para ampliação da pista em cerca de 600 metros, possibilitando pousos e decolagens de aviões de maior porte e até cargueiros.
As desapropriações com esta etapa, financiadas pelo governo do Estado, que repassou R$ 27 milhões para Londrina, alcançam 88% da área total (73% já foram repassados à União).
O Cejuscon intermediou ontem sete negociações, que totalizaram R$ 6,2 milhões. "Para a Justiça Federal foi muito positivo. As audiências duraram cerca de 30 minutos, um bom tempo, e os processos que foram abertos há menos de dois meses serão extintos", definiu o juiz da 2ª Vara Federal, Gilson Luiz Inácio.
A maior indenização (R$ 4,1 mi) foi obtida pela empresa Agropastoril Café no Bule Ltda., de propriedade do empresário e apresentador Carlos Massa, o Ratinho. A área desapropriada chegou 26,3 mil metros quadrados.
Sete salas comerciais, que totalizavam 569 metros quadrados, eram de Augusto Izumi Nakashima. "Era uma forma de obter renda extra", disse. Os imóveis alcançaram mais de R$ 402 mil.
Outros cinco imóveis são residenciais. O aposentado Eli Barbosa Aleixo vive há 41 anos em uma casa de 174 metros quadrados de área construída, cujo terreno alcança 490 metros quadrados. Ele não gostou do valor recebido, de R$ 358 mil. "Aceito, mas não concordo. O valor está depreciado. Do tempo em que (a casa) foi avaliada até hoje os imóveis subiram 36%", lamentou.
A autônoma Roseli Aparecida Nicolino da Silva obteve o menor valor, R$ 198 mil. "Espero encontrar outro imóvel com esse valor, sei que vai ser difícil achar uma casa nos padrões da minha que tinha um terreno de 360 metros quadrados", ressaltou.
Os valores serão creditados no próximo dia 5. A partir desta data, os proprietários terão 90 dias para desocupar e promover a demolição dos imóveis. O processo de limpeza deverá atender a legislação vigente. "Os proprietários assinaram um termo, porque da última vez o descarte gerou autuação do IAP (Instituto Ambiental do Paraná). Eles têm que cumprir aquilo que está no plano de gerenciamento de resíduos, descumprimento caberá autuação e até ação penal", ressaltou a promotora do Meio Ambiente, Solange Vicentin.
A prefeitura pretende repassar mês que vem as escrituras dos terrenos para a União. Agora o município volta as atenções para cerca de 70 terrenos da face norte do aeroporto. "O importante é que fazendo a desapropriação da face sul poderemos fazer a desafetação da Avenida Salgado Filho. Assim, a Infraero poderá iniciar a construção do muro perimetral do aeroporto. Essa ampliação de espaço permitirá que aviões decolem mesmo abaixo do mínimo (visual), chamado de decolagem com sentido requerido", explicou o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Bruno Veronesi.