Quatro caminhões da Kurica foram às ruas na tarde de quinta para coletar o lixo acumulado na área central
Quatro caminhões da Kurica foram às ruas na tarde de quinta para coletar o lixo acumulado na área central | Foto: Gina Mardones



Após quase três dias de paralisação, a coleta de lixo domiciliar foi retomada em Londrina nesta quinta-feira (5), mas de forma parcial. O trabalho voltou a ser executado depois que a Kurica Ambiental, empresa terceirizada responsável pelo serviço, conseguiu mais uma determinação da 8ª Vara da Justiça do Trabalho a favor dela. Na tarde de quinta, quatro caminhões puderam sair da garagem e iniciaram o recolhimento de resíduos da região central da cidade. Funcionários responsáveis pela coleta dos resíduos de grandes geradores foram remanejados para recolher o lixo comum.

Na nova determinação, a Justiça majorou de R$ 50 mil para R$ 100 mil a multa diária aplicada ao Siemaco (Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação de Londrina) por conta da falta de prestação do serviço. Também proibiu que funcionários façam manifestações a menos de 500 metros da sede da empresa, localizada na zona leste, para impedir a saída dos caminhões de coleta. Além disso, foi autorizado o uso de força policial caso a ordem seja descumprida.

A PM (Polícia Militar) chegou a ir até a sede da terceirizada, onde permaneceu por cerca de 30 minutos na tarde desta quinta, até que os quatro caminhões saíssem. Não houve confronto ou qualquer tipo incidente entre policiais e funcionários. "Comunicamos no processo o descumprimento da ordem anterior, mostrando que estavam fazendo 'piquete' e impedindo que os caminhões saíssem", afirmou Camilo Vianna, advogado da Kurica. Quatro funcionários, identificados como líderes do movimento, foram demitidos.

Apesar da retomada, o impasse entre empresa e funcionários continua. Desta vez, o grupo coloca como condição para retornar ao trabalho a recontratação dos quatro coletores dispensados. "A empresa antes estava intransigente, porém aceitou escutar a reivindicação dos funcionários. Eles garantem que manterão a paralisação enquanto não forem atendidos quanto à recontratação dos colegas", explicou Flavio Petrilo, advogado da Siemaco.

A empresa descartou recontratar os supostos líderes do movimento. "Estamos confiantes que eles percebam que a postura que estão apresentando está equivocada. A empresa se posicionou que não tem o interesse de demitir mais ninguém. Entretanto, se precisar, poderão ser feitos outros cortes e novos funcionários podem ser contratados para suprir as baixas", disse Vianna.

Mesmo com a expectativa da terceirizada, os funcionários do turno das 19h não atenderam ao pedido e mantiveram a paralisação. A Kurica garante que, na manhã desta sexta-feira (6), caminhões estarão nas ruas para recolher o lixo. "Vamos pedir o apoio da força policial e o maior número de veículos possível será retirado da garagem a partir das 7h de sexta. Não dá para ficar prejudicando mais de 500 mil pessoas por causa de 170", destacou Raimundo Maia, porta-voz da terceirizada.

Até a noite de quinta, a cidade acumulou 1.400 toneladas de lixo sem recolhimento. Maia assegurou que a empresa está estudando uma rota com as localidades mais afetadas, que terão prioridade na coleta. "Colocaremos mais funcionários que trabalham na coleta de grandes geradores para colocar em dia o recolhimento do lixo comum. Esperamos que tudo volte à normalidade a partir da semana que vem", projetou.

Alguns trabalhadores demostram cansaço com a paralisação, que começou na noite de segunda-feira (2) e já é a maior da categoria em 2017. De acordo com eles, o fato de haver muitas pautas "difíceis de serem resolvidas" está gerando um desgaste maior. "O psicológico está esgotando por ficar parado todos os dias e discutindo soluções. Parece que o cansaço é maior na paralisação do que se estivéssemos nas ruas", reconheceu um coletor, que preferiu não ser identificado.