O movimento Desocupa Paraná organiza um protesto para a tarde deste domingo (23), em Curitiba, para que estudantes, pais de alunos e pessoas contrárias às ocupações dos colégios estaduais se manifestem pela volta às aulas. Em Campo Mourão (Noroeste), uma vigília organizada por pais dos estudantes tenta evitar a ocupação do Colégio Estadual Marechal Rondon. Os pais se revezam para garantir a continuidade das aulas e, durante a madrugada, vigias contratados com recursos da associação de pais fazem a segurança do prédio. "Não somos favoráveis à ocupação, mas também não somos favoráveis a essa medida provisória (MP). O ensino médio precisa de mudanças urgentes porque não atende mais a necessidade dos nossos estudantes, mas faltou diálogo", explicou a diretora geral do colégio, Rita de Cássia de Oliveira.
Entre as polêmicas da MP 746/2016 proposta pelo governo federal e que motivou as ocupações das escolas estaduais estão a oferta não obrigatória das disciplinas de artes, filosofia, sociologia e educação física; a ampliação do ensino em tempo integral, além da divisão das disciplinas em cinco grupos: linguagens, matemática, ciências sociais, ciências da natureza e formação técnico-profissional. Português e matemática seriam obrigatórias e os estudantes poderiam escolher um dos demais grupos para completar a carga horária mínima.
Até o início da tarde desta quinta (20), o movimento organizado pelos estudantes havia registrado ocupações em 820 escolas do Paraná, em 12 campi universitário e em três núcleos regionais de educação. De acordo com a página nas redes sociais do movimento "Ocupa Paraná", uma assembleia estadual está marcada para a próxima quarta-feira (26) para decidir os rumos da manifestação.
A jovem Eduarda Araújo, de 18 anos, é contrária às ocupações. Ela estuda no Colégio Estadual Vicente Rijo, em Londrina, e está apreensiva com a possibilidade do Ministério da Educação (MEC) adiar a aplicação da prova do Enem em razão das ocupações. "Acho que tem outras formas de brigar por isso. Preciso de uma boa pontuação no Enem para conseguir entrar em uma universidade pública", argumentou. A prova está marcada para os dias 5 e 6 de novembro. Já as primeiras fases dos vestibulares da UEL e da UFPR serão realizadas neste domingo (23).
Para a estudante J. S., de 16 anos, o movimento representa "a busca pelos direitos". "Se a gente não lutar, os outros alunos mais novos vão pagar por isso", ressaltou a aluna do Colégio Hugo Simas.
"O aluno quer que haja mais debate e isso é válido. Como funcionário público, queremos também que sejam resguardados os nossos direitos. A paralisação prejudica a todos, mas cada um está pleiteando o que acha mais justo e isso é democracia", ponderou o professor de geografia Paulo Quícoli.
Estudantes de escolas ocupadas foram procurados pela reportagem, mas preferiram não se pronunciar. De acordo com o MEC, há escolas ocupadas em 11 Estados.