Nos últimos meses, advogados de defesa de quatro dos sete denunciados pelo Ministério Público por possível participação no assassinato do agente penitenciário e ex-membro do Serviço de Operações Especiais (SOE), Thiago Borges de Carvalho, em dezembro do ano passado, encaminharam contestações à juíza da 1ª Vara Criminal de Londrina, Elisabeth Kather, sobre a força-tarefa da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) que prendeu os acusados.

Todos continuam presos. A última petição foi encaminhada pela defesa de Édimo André Brunning Silva, considerado como um dos que atiraram contra Thiago e outros dois agentes que voltavam de uma vistoria na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2), região sul de Londrina. A emboscada foi planejada na Avenida Guilherme de Almeida, próximo ao Jardim Cristal. No documento enviado à Justiça, o advogado Alfeu Brassaroto argumentou que os policiais civis responsáveis pela investigação "apontaram os supostos autores com base em meras presunções".

Carro que transportava os agentes ficou crivado de balas
Carro que transportava os agentes ficou crivado de balas | Foto: Marcos Zanutto/Grupo Folha



Assim como Brassaroto, o advogado André Gonçalves Salvador, que defende Welber da Silva Conceição, tido pelo Ministério Público como chefe da organização criminosa e membro do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC), pediu a anulação das interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Ele afirmou que "a Polícia Civil, sem requerer qualquer análise pericial do conteúdo, pugnou pela decretação de prisão preventiva do acusado e outros indiciados".

Em entrevista à FOLHA, Salvador explicou que "em nenhum momento o órgão acusador demonstrou como concluiu que as falas ou mensagens de celular foram interceptadas, mencionando de maneira muito vaga os citados apelidos". O advogado também refutou que Welber fosse integrante do PCC. "Ele não conhece nenhum dos outros investigados", completou.

Segundo a defesa de Higor Salles, que teria informado o restante da quadrilha o momento em que os agentes deixaram a PEL 2, "o jovem não conhece ou tem relação com nenhum acusado". O advogado Diheyson Adalberto Furlan Cunha teve o pedido de revogação da prisão preventiva negado pela juíza Elisabeth Kather. "Vou tentar um habeas corpus no Tribunal de Justiça", disse.

Dois integrantes do SOE sobreviveram ao ataque
Dois integrantes do SOE sobreviveram ao ataque | Foto: Marcos Zanutto/Grupo Folha



O advogado Guilherme Espiga, que defende Alexandre Ferreira, que teria recebido ordens de Welber da Silva Conceição para executar os agentes, fez as mesmas críticas. "O Alexandre é trabalhador, tem bons antecedentes e é totalmente inocente. Esse inquérito feito pela Sesp é um verdadeiro equívoco", comentou.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública apenas informou que "no caso da morte do agente, os trabalhos da Polícia Judiciária foram concluídos. Caberá ao Poder Judiciário analisar a denúncia e fazer o julgamento devido".

Sindicato rebate

O diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Ricardo de Carvalho Miranda, avaliou que "a investigação coordenada pela Sesp não foi frágil, tanto que o Sindarspen se reuniu com o delegado que comandava o setor de Homicídios na época e responsável pelo inquérito, e ele disse que só apresentaria os responsáveis da execução quando tivesse certeza. Para isso, ele utilizaria todos os meios possíveis. O delegado do caso é experiente, tem conhecimento do que faz.", afirmou.