Advogados questionam investigação que prendeu supostos assassinos de agente
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sexta-feira, 11 de agosto de 2017
Rafael Machado<br>Grupo Folha
Nos últimos meses, advogados de defesa de quatro dos sete denunciados pelo Ministério Público por possível participação no assassinato do agente penitenciário e ex-membro do Serviço de Operações Especiais (SOE), Thiago Borges de Carvalho, em dezembro do ano passado, encaminharam contestações à juíza da 1ª Vara Criminal de Londrina, Elisabeth Kather, sobre a força-tarefa da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) que prendeu os acusados.
Todos continuam presos. A última petição foi encaminhada pela defesa de Édimo André Brunning Silva, considerado como um dos que atiraram contra Thiago e outros dois agentes que voltavam de uma vistoria na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2), região sul de Londrina. A emboscada foi planejada na Avenida Guilherme de Almeida, próximo ao Jardim Cristal. No documento enviado à Justiça, o advogado Alfeu Brassaroto argumentou que os policiais civis responsáveis pela investigação "apontaram os supostos autores com base em meras presunções".
Assim como Brassaroto, o advogado André Gonçalves Salvador, que defende Welber da Silva Conceição, tido pelo Ministério Público como chefe da organização criminosa e membro do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC), pediu a anulação das interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Ele afirmou que "a Polícia Civil, sem requerer qualquer análise pericial do conteúdo, pugnou pela decretação de prisão preventiva do acusado e outros indiciados".
Em entrevista à FOLHA, Salvador explicou que "em nenhum momento o órgão acusador demonstrou como concluiu que as falas ou mensagens de celular foram interceptadas, mencionando de maneira muito vaga os citados apelidos". O advogado também refutou que Welber fosse integrante do PCC. "Ele não conhece nenhum dos outros investigados", completou.
Segundo a defesa de Higor Salles, que teria informado o restante da quadrilha o momento em que os agentes deixaram a PEL 2, "o jovem não conhece ou tem relação com nenhum acusado". O advogado Diheyson Adalberto Furlan Cunha teve o pedido de revogação da prisão preventiva negado pela juíza Elisabeth Kather. "Vou tentar um habeas corpus no Tribunal de Justiça", disse.
O advogado Guilherme Espiga, que defende Alexandre Ferreira, que teria recebido ordens de Welber da Silva Conceição para executar os agentes, fez as mesmas críticas. "O Alexandre é trabalhador, tem bons antecedentes e é totalmente inocente. Esse inquérito feito pela Sesp é um verdadeiro equívoco", comentou.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública apenas informou que "no caso da morte do agente, os trabalhos da Polícia Judiciária foram concluídos. Caberá ao Poder Judiciário analisar a denúncia e fazer o julgamento devido".
Sindicato rebate
O diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Ricardo de Carvalho Miranda, avaliou que "a investigação coordenada pela Sesp não foi frágil, tanto que o Sindarspen se reuniu com o delegado que comandava o setor de Homicídios na época e responsável pelo inquérito, e ele disse que só apresentaria os responsáveis da execução quando tivesse certeza. Para isso, ele utilizaria todos os meios possíveis. O delegado do caso é experiente, tem conhecimento do que faz.", afirmou.