"Embora os casos tenham algum tipo de relação, as pessoas não tinham ligação profunda entre si", defendeu o advogado Lucas Pünder (à esq.)
"Embora os casos tenham algum tipo de relação, as pessoas não tinham ligação profunda entre si", defendeu o advogado Lucas Pünder (à esq.) | Foto: Gustavo Carneiro



Os advogados do guarda municipal Ricardo Leandro Felippe, indiciado por matar três pessoas e balear outras duas no dia 3 de abril, em Londrina, questionaram a distribuição dos inquéritos na Justiça. De acordo com o advogado Lucas Pünder, o inquérito referente ao triplo homicídio, que na visão dele, deveria ser encaminhado à 1ª Vara Criminal, que julga crimes contra a vida, acabou se juntando a outros dois inquéritos que apuram agressões às ex-companheiras na 6ª Vara Criminal - Maria da Penha.

"Embora os casos tenham algum tipo de relação, as pessoas não tinham ligação profunda entre si", defendeu o advogado. Os inquéritos foram concluídos pela Polícia Civil na quarta-feira (12). Sem negar a autoria dos crimes, os advogados expuseram atestados de problemas de saúde mental do cliente. Pünder apresentou documentos sobre o histórico de saúde de Felippe. "Ele tem vários atestados médicos por distúrbios psicológicos. Existe um histórico em questão que não justifica os crimes, mas que precisa ser levado em conta", argumentou.

De acordo com o advogado, só um profissional capacitado poderá avaliar a sanidade do cliente. "Encontramos paralelos em outros casos no País em conversas com neurologistas e até mesmo em literatura. Sobre os três inquéritos, Pünder diz que Felippe nega a agressão à Rachel. Já em relação à mulher com quem o agente convivia, Pünder alegou ter ocorrido uma "agressão mútua" no dia anterior aos homicídios.

O advogado disse que a defesa vai trabalhar para tentar esclarecer as motivações e o nível de consciência do guarda municipal durante os crimes. "É preciso ser levado em conta que ele foi casado por 19 anos sem nenhum tipo de problema deste tipo. Inclusive, deste primeiro relacionamento, ele tem três filhos que também sofrem com a situação", declarou.

O delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial de Londrina, Osmir Ferreira Neves, disse que a intenção do acusado de cometer os crimes contra mulheres explica o encaminhamento do inquérito à Vara Maria da Penha. No entanto, o delegado informou que o documento passará por uma apreciação inicial e que é a Justiça que definirá a destinação. "Fizemos a investigação e entregamos o inquérito ao Ministério Público. Mais que isso não posso comentar, pois foge das minhas competências", informou o delegado. O promotor Ronaldo Costa Braga, que analisa o inquérito policial, não foi encontrado para conceder entrevista.