Para um produtor com mais de 80 alqueires é vantajoso ter o próprio silo. É o que garantem as empresas do setor, que dizem, com base em dados do Banco do Brasil, que um silo de porte médio se paga em quatro anos, considerando duas safras anuais. Esse valor é calculado a partir da economia que o produtor terá ao não depender mais de uma cooperativa ou uma cerealista para armazenar sua produção nestas oito safras.
Segundo o diretor comercial da Multi Silos, de Londrina, Gustavo de Sá Pereira, o custo que o agricultor paga a uma cooperativa para o armazenamento, limpeza e secagem dos seus grãos, somado aos descontos que sofre com grãos quebrados, irregulares e demais taxas de serviço, varia de 3% a 8% do valor total da produção. ''Se ele armazenar a própria produção, ficará com essa diferença. E conseguindo isso ano após ano, ele paga o investimento em pouco tempo. Depois fica com um silo que, com a devida manutenção, tem um tempo de vida útil de 40 anos'', afirma Pereira.
As empresas do setor querem desmistificar o conceito que se tem de armazenagem no Brasil. ''É possível e viável cada um ter o próprio silo, pois isso aumenta em muito a renda do produtor, já que ele pode vender o seu produto na melhor época'', diz Pedro Veloso, gerente de marketing da Multi. O produtor brasileiro, segundo ele, tem hoje pleno domínio sobre todas as etapas, do plantio à colheita, alcançando altas taxas de produtividade. ''Mas quando chega na última etapa, que é o armazenamento e a comercialização, ele entrega isso de bandeja para um terceiro faturar'', observa Veloso.
Nessa área, o Brasil está quilômetros atrás de outros países produtores de grãos. Aqui apenas 5% a 8% das propriedades dispõem de silos, enquanto na Argentina esse percentual é de 30%, sobe para 60% nos Estados Unidos e chega a 80% no Canadá. Os dados constam em um relatório de 2003 publicado na revista A Granja.
De acordo com Pedro Veloso, quando o agricultor estoca a própria produção, as vantagens são muitas. ''Ele tem o aproveitamento total do produto, incluindo os resíduos e grãos quebrados que a cooperativa não paga mas revende para produção de farelo e ração. O silo próprio permite o alongamento do período de colheita e flexibiliza o escoamento da safra, porque o produtor pode optar por épocas em que o preço do frete estiver mais baixo'', afirma.
A Multi está apostando no Silo Granel, que consiste em unidades pequenas e que podem ser adquiridas por meio de financiamento pelo programa Moderinfra, do BNDES. Os mais procurados vêm sendo os silos para 5 mil e 10 mil sacas. Um de 10 mil sacas custa em torno de R$ 195 mil. ''É o preço de um trator novo'', compara Pedro Veloso. Esta unidade seria para um produtor de 150 a 200 alqueires que produz mais de 20 mil sacas por safra. ''Mas temos silos menores, para produtores de 60 a 80 alqueires, que queiram estocar, por exemplo, 3 mil sacas'', informa.