Geraldo Verussa é produtor em Apucarana e nasceu no campo. Na propriedade de 18 alqueires trabalha com café, apicultura e, desde o ano 2000, o eucalipto. O interessante é que a ideia de plantar floresta apareceu quando ele vislumbrou o futuro dos filhos e, assim, pensar numa espécie de poupança para eles.

Os filhos resolveram estudar na cidade, fazer faculdade, e a sucessão familiar na propriedade ficou, digamos, nebulosa. O filho Mario, de 32 anos, é médico e mora em São Paulo. A filha Aline, 26, e engenheira florestal e vive na área urbana de Apucarana, é a que está mais próxima da propriedade. Já o caçula Guilherme se formou engenheiro eletricista e mora em Londrina. "Percebi que não teria uma sucessão familiar e pensei nos eucaliptos. Vou cultivando, a lavoura é mais rústica, e a partir do momento que não puder mais trabalhar e a área ficar para eles, é algo mais tranquilo do que, por exemplo, café ou soja."

Até agora, a experiência tem sido rentável para Verussa. Ele iniciou com dois alqueires e, nos anos posteriores, foi plantando de dois em dois alqueires por ano de forma escalonada. Hoje, no total, são aproximadamente 10 alqueires de madeira. Na primeira poda há alguns anos, comercializou junto a cooperativa Cocamar, que usou a produção para a geração de energia. Numa área de um alqueire de terra mecanizada, colheu 1,2 mil toneladas, que conseguiu vender a R$ 105 a tonelada. Com os descontos de frete e corte (R$ 45 por tonelada) o saldo final foi de R$ 60 livres por tonelada, em torno de R$ 72 mil para seis anos de produção (R$ 12 mil por ano). Acabou sendo mais rentável que soja.

"Atualmente o mercado está ruim, não paga mais este valor. A cooperativa parou de comprar a produção devido ao um abastecimento da Klabin e outras empresas têm fornecedores anuais. Há um ano e meio não estou conseguindo vender, mas com a expectativa de aumento dos preços em Ortigueira, isso deve refletir aqui. Mas fico confiante para o futuro, essas toras mais grossas que estou deixando para cortar daqui oito, dez anos. Ainda estou apostando que vou vender por um bom preço essa madeira lá na frente. Muita coisa pode acontecer e o futuro a Deus pertence."

No que diz respeito ao manejo, Verussa relata que se trata de uma atividade bem tranquila. A atenção maior está nos dois primeiro anos, com atenção à formiga, grilos, que atacam com maior força quando as árvores são novas. "É o momento de cuidar do inseticida, das capinas, desramar, e depois não tem muito manejo, só esperar o corte. O começo é desgastante, mas depois basta esperar." (V.L.)