Práticas conservacionistas se perderam ao longo do tempo, e a erosão torna-se novamente uma ameaça
Práticas conservacionistas se perderam ao longo do tempo, e a erosão torna-se novamente uma ameaça | Foto: Iapar/Divulgação


Em sinergia com o Prosolo e ciente da importância em realizar ações sobre o assunto, a Emater encabeça a campanha Trate Bem Seu Solo, que iniciou com um curso nesta semana de reciclagem e manejo do solo voltado a técnicos para rever conceitos e aplicar na prática o diagnóstico rápido de estrutura de solo e propostas de solução de problemas de adensamento de áreas do basalto e arenito.

O curso conta com aulas presenciais e a distância, em modalidades mais curtas e também mais aprofundadas. Desde o final do ano passado já foram três encontros, capacitando mais de 50 técnicos na região, realizados no Senar de Ibiporã. A campanha será lançada oficialmente no dia 3 de agosto, num evento regional com presença de lideranças políticas, dirigentes de instituições, técnicos e agricultores. O Grupo Folha de Comunicação apoia os trabalhos.

O gerente regional da Emater Londrina, Sérgio Carneiro, relata que a importância de reavivar este tema ficou claro com a situação das chuvas do ano passado na região. "Os prejuízos foram muito grandes com a erosão, houve queda de 50 pontes só em Londrina. As boas práticas se perderam ao longo do tempo."

Para Carneiro, não se pode esperar pelo pior sem realizar nenhum tipo de ação proativa, por isso a importância da campanha para agregar forças. "Temos tecnologia e muitas instituições de pesquisa capazes na região para não deixar vulneráveis nossos recursos naturais."

Na opinião do gerente, é preciso discutir a elaboração desses planos conservacionistas que serão realizados por meio do Prosolo, e é por isso que os técnicos precisam estar extremamente qualificados. "Temos que discutir a elaboração desses planos para que as intervenções aconteçam de forma coerente nas propriedades."

Por fim, ele relata que os municípios precisam atuar para não ficar "apagando fogo" quando há situações ligadas às chuvas, mas sim de um planejamento ambiental estudado, com foco nas estradas rurais e na erosão. "Existia a crença de que o plantio direto resolveria o problema de erosão e eliminar o terraceamento foi um desastre. Não dá para abrir mão dessa prática", finaliza.

Compartilhando responsabilidades
O coordenador do grupo gestor do Prosolo na Seab, José Tarciso Fialho, salienta que por mais que todo esse discurso seja ambientalmente correto, é o agricultor que no final das contas decide ou não aplicar práticas conservacionistas. "Podemos até lançar mão da legislação para isso, mas o que a gente quer é que ele por si só tome a consciência de que o solo exposto não está mais aguentando as chuvas em excesso, a falta de cobertura. Por isso estamos trabalhando em vários eventos regionais, cooperativas, revendas, todos unidos para que o produtor tome a decisão e busque um profissional para fazer um plano de conservação de solo."

Fialho lembra, claro, que o agricultor busca sempre a viabilidade econômica e social dele e faz uma avaliação onde vai ganhar mais com isso. "Nenhuma prática de conservação no início é totalmente sem custo, porque o produtor vai ter que fazer curvas de nível, entre outras ações. Mas quanto deixa isso em segundo plano, muitas vezes não percebe que aos poucos está acabando com seu patrimônio."

Apesar do sinal amarelo, o coordenador também relembra o histórico dos produtores paranaenses, sendo precursores na conservação de solos, terraços, os primeiros a integrar lavoura-pecuária-floresta e plantio direto. "Esse histórico demonstra que o agricultor é bem consciente em relação a tudo isso. Está faltando um pouco de cuidado. Nosso produtor já foi muito bom nesse sentido, hoje ele é apenas bom. Queremos atingi-los no sentido de não perder o seu patrimônio, sua produtividade e não poluir a própria água."

Por fim, Tarciso bate na tecla do compartilhamento de responsabilidades. "O agricultor, o Estado, o município, cada um com sua escala de responsabilidade. O governo precisa apresentar programas alternativos para o produtor, opções para ele fazer sua parte. Ao mesmo tempo as prefeituras podem trabalhar com estradas rurais de boa qualidade, fazendo dentro das boas práticas de conservação. Esses instrumentos de estímulo são feitos de forma compartilhada, mas no final é o produtor quem decide como usá-los."