Imagem ilustrativa da imagem Sustentabilidade, produtividade e, agora, publicidade
| Foto: Gabriel Rezende Faria/Embrapa
Toda produção de alimentos resulta em algum tipo de mudança no ecossistema, mas é preciso reduzir ao máximo esses efeitos, como as atuais pesquisas que incentivam a produção integrada de lavoura e floresta



Depois de um enorme salto em produtividade nas últimas três décadas, a pesquisa agropecuária começa a buscar formas de continuar a garantir o abastecimento de alimentos na mesma proporção em que a população cresce. Algumas culturas começam a apresentar estagnação no ganho de produção em um momento em que os pesquisadores precisam também focar a sustentabilidade, para garantir a qualidade do solo e do ambiente para as próximas gerações. Porém, a pesquisa "Alimentos Transgênicos", encomendada pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), deixou a lição de que é preciso comunicar melhor todas essas ações para a sociedade.

O gestor de inovação no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Marcos Valentin Martins, afirma que toda produção de alimentos resulta em algum tipo de mudança no ecossistema, mas que é preciso reduzir ao máximo esses efeitos, de forma a garantir a sobrevivência humana e do próprio ambiente. "Entramos em uma fase de pequenos aumentos na produção e o abastecimento alimentar ainda é um desafio, porque não podemos destruir o ambiente de forma que se torne algo irreversível", diz.

Para Martins, outras metas são diminuir a penosidade do trabalho e lidar com a redução de mão de obra no campo. "Um produtor de mandioca que tira 2 toneladas do solo 'no braço' terá de deixar de trabalhar aos 30 anos, porque a coluna estará arrebentada", exemplifica.

A diretora-executiva do CIB, Adriana Brondani, segue a mesma linha de pensamento da produtividade e da sustentabilidade. "Considerando o crescimento populacional e o papel mundial que o Brasil tem na produção de alimentos, é preciso incorporar cada vez mais ciência nas ferramentas que temos para trabalhar a agricultura."

Ela acrescenta que é preciso enfrentar as mudanças climáticas, principalmente com a pesquisa de genes. "Precisamos de plantas que sejam adaptadas a condições ambientais desfavoráveis, como ambientes muito secos, para que possamos cultivar em áreas que não podemos usar hoje, e quem poderá nos ajudar nisso será a ciência."

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Adriana considera que tudo precisa ser feito sem que se esqueça da comunicação, principalmente com o meio urbano, cada vez mais distante do rural. "Talvez estejamos nos comunicando de forma muito voltada para quem é produtor ou está na cadeia agrícola, e não para a sociedade. Temos de mostrar para a sociedade o que é a agricultura e a mídia tem grande importância nisso."

Martins concorda e vê hoje o aumento do número de pessoas que não pensa no caminho do alimento até a embalagem na gôndola do supermercado. "É diferente da geração dos nossos pais e, se não ensinar para a criança o que é a produção de leite, ela vai pensar que vem do pacotinho."

O gestor em inovação afirma que o Iapar já faz hoje um trabalho de propagação da ciência, ao receber alunos de escolas na sede do órgão. "Isso não tem a ver apenas com a invisibilidade da ciência, mas também com a invisibilidade do meio rural para o meio urbano", completa.

PECUÁRIA
A pesquisa não abordou o conhecimento do público acerca da pecuária, mas os analistas lembram que o segmento também tem muita pesquisa científica por trás. "Se pegarmos a produção de frango, há 30 anos levava mais do que o dobro do tempo para chegar no peso que é abatido hoje e consumia muito mais ração", diz o pesquisador da Embrapa Soja Alexandre Cattelan. "Quando falamos que o País é o primeiro exportador de frango do mundo, as pessoas ficam impressionadas e têm dificuldade de fazer associação direta com a questão agrícola, então, realmente, há muito a ser trabalhado em termos de informação", completa Adriana.