No Paraná, o feijão preto reponde por 40% do volume de produção; variedades da Embrapa e do Iapar são as mais cultivadas
No Paraná, o feijão preto reponde por 40% do volume de produção; variedades da Embrapa e do Iapar são as mais cultivadas | Foto: Sebastião José de Araújo/Embrapa



No município de Ivaí o feijão preto é fonte de renda para 800 produtores numa área que totaliza 6.800 hectares. A expectativa de produtividade para a safra das águas, já colhida em 90%, é que atinja a marca de 1.500 quilos por hectare (kg/ha), alta de 25%. O valor é melhor que o da safra 2015/16, quando atingiu média de 1.200 kg/ha. A média geral do feijão primeira safra deve fechar em 1.766 kg/ha, incremento de 8%.
Neste ano, apesar da chuva ter diminuído de intensidade, ainda atrapalhou a colheita e pode haver queda de até 20% da produção naquela região. "Tivemos alguns casos de sementes danificadas, grãos brotados e mofados, o que acaba gerando uma qualidade mais baixa no momento da comercialização", explica o técnico em agropecuária do Instituto Emater que atende a região, Laércio Marcelo Nass.
Na região, as cultivares mais utilizadas foram a BRS Esteio, desenvolvida pela Embrapa, e a IPR Tuiuiú , do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). "Vale dizer que os preços atraíram diversos produtores, que são bem oportunistas no sentido de aproveitar o momento. No final, tivemos um aumento de área plantada e do número de produtores de feijão".
Apesar da quebra, Laércio relata que nenhuma doença teve mais incidência durante a safra das águas. Antracnose e mancha angular não atrapalharam as lavouras e "os produtores apostaram em aplicações preventivas de fungicida".
Para a segunda safra da região (da seca), a expectativa do Instituto Emater acredita que pode haver um aumento ainda maior de área, principalmente porque algumas culturas podem perder espaço, como é o caso da soja e tabaco. "Geralmente neste momento o tabaco é substituído pelo milho, mas desta vez, com o valor do feijão preto atingindo a marca de R$ 180 a saca, pode ganhar um bom fôlego. Mesmo assim, vale dizer que a leguminosa fica sempre muito a mercê do mercado, o que dificulta projeções sobre os ganhos do produtor".
Por fim, o técnico destaca que, nos últimos três anos, a grande dificuldade, sem dúvida alguma, tem sido as "frustrantes chuvas na colheita". "A vagem tem um tegumento fino e muito perecível, o que favorece a absorção de umidade e a torna muito suscetível a perda de qualidade. Um grande fator é que sempre a colheita coincide com o período chuvoso de dezembro". (V.L.)