Para se desenvolver em boas condições, o bicho-da-seda necessita de uma temperatura entre 22ºC e 25ºC dentro do barracão. Menos do que isso, o crescimento fica mais lento e atrasa a criada para o produtor. Mais quente, o inseto também tem dificuldades de alimentação.

Este é um desafio constante para o sericicultor, afinal, no quesito clima ele não tem muito o que fazer. Por outro lado, as temperaturas quentes, sem chuva, também podem afetar o desenvolvimento das amoreiras. Com menor volume de folhas, fica complicado atender os prazos da indústria e fazer boa rentabilidade. Neste sentido, Claudecir Luckmann, de Alto Paraná, teve uma sacada interessante: ele é o primeiro produtor do Estado que resolveu irrigar a área das amoreiras.

Na atividade há 17 anos por sugestão do sogro, Luckmann trabalha numa área de três alqueires, sendo que dedica 1,2 alqueire às amoreiras e o barracão. Já no restante ele trabalha com frutas, sendo a principal delas o abacaxi, além de uva, coco e uma reserva de eucalipto. "Logo que surgiram as tecnologias ligadas ao manejo do bicho, já automatizei o processo, como erguer os bosques, máquina para limpar casulo, cortar amora, tudo para fugir da atividade braçal, que diminui a nossa produtividade."

Mesmo assim, Luckmann percebeu que não conseguia passar das oito criadas por safra. Identificou que o problema era a falta de comida para as lagartas devido à seca na região. Ele não conseguia um volume de folhas interessante para incrementar sua produção. A alternativa foi a irrigação e investiu há três anos pouco mais de R$ 20 mil. "Montei a irrigação em um alqueire de amora. Na safra seguinte já tirei dez criadas e, depois, nove. Não posso dizer que é igual a chuva, mas pelo menos mantenho um bom volume de folhas na planta. Não interfere na qualidade final do casulo, mas agora não sofro mais com o tempo seco, não falta comida."

Agora com todo o sistema produtivo alinhado, o produtor consegue tirar durante a safra uma média de 3.200 a 3.500 quilos de casulo. Ele salienta também a importância da adubação química e esterco na áreas das amoreiras. "Enquanto mais você acerta isso e tem mais água, mais volume de comida se faz dentro da mesma área. Não é preciso expandi-la."

Nas duas primeiras criadas tiradas nesta safra, o valor recebido por Luckmann ficou próximo a R$ 20. Um bom valor em que está fazendo ele a repensar seu futuro quando olha para as frutas que produz. Atualmente, ele está com 115 mil pés de abacaxi na lavoura, mas cita as dificuldades que tem com a cultura. "A fruta é boa e tem alta rentabilidade, mas o custo de produção também é alto, além do risco climático. Agora ela está começando a madurar e se tem alguma adversidade, como um granizo, perco tudo. Por isso estou pensando aumentar o bicho-da-seda e parar com o abacaxi no futuro."(V.L.)