A mosca branca, responsável pela doença mais prejudicial à cultura, o mosaico dourado, se desenvolve em períodos de seca e calor
A mosca branca, responsável pela doença mais prejudicial à cultura, o mosaico dourado, se desenvolve em períodos de seca e calor | Foto: Sebastião José de Araújo/Embrapa



O feijão apresenta boa rentabilidade e tem a comercialização praticamente garantida devido à alta demanda interna nacional, que está estimado em 3,3 milhões de toneladas para a safra 2016/17, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Entretanto, os produtores apontam a baixa resistência a grandes variações climáticas e às pragas como principais fatores de desestímulo à produção, maiores até mesmo do que no caso da soja.

A incidência da mosca branca é o principal exemplo. Responsável pela doença mais prejudicial à cultura, o mosaico dourado, a praga se desenvolve em períodos de seca e calor. Por isso, a segunda safra perdeu força nas regiões acima dos Campos Gerais no Paraná. "A mosca branca aparece no plantio de verão, o 'feijão da seca', que é mais quente. Neste ano os produtores da região plantaram muito pouco e a mosca não apareceu", conta o engenheiro agrônomo Taurino Alexandrino Loiola, que atua na região de Jacarezinho.

Loiola completa que somente dois dos produtores com quem trabalha se arriscaram com a segunda safra. Situação semelhante à que ocorreu em Ortigueira. "Um ou outro grande produtor planta feijão de segunda safra para fazer a rotação, mas quase não vi na região neste ano. O custo elevado da irrigação e a incerteza afastam os produtores", diz o engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) Henry Rosa.

A primeira safra, o feijão das águas, é a menos arriscada para os produtores paranaenses; plantada de agosto a dezembro e colhida de novembro a abril
A primeira safra, o feijão das águas, é a menos arriscada para os produtores paranaenses; plantada de agosto a dezembro e colhida de novembro a abril | Foto: Marcos Zanutto



Ainda que tenha área plantada menor do que a segunda, a primeira safra de feijão é a menos arriscada para os produtores paranaenses. Plantada no Estado de agosto a dezembro e colhida de novembro a abril, o ciclo é conhecido como o de "feijão das águas" por reunir as condições climáticas ideais, sem necessidade de irrigação, e com baixa incidência de pragas. "É só esse plantio praticamente que ficou na região", diz o agricultor Luiz Tadao Nishida, de Santana do Itararé, região de Jacarezinho.

Para Nishida, a irrigação não é o principal problema, mas sim as pragas de verão. Por isso, afirma que prefere plantar outros tipos de grãos no período, como milho. "O feijão vale mais a pena financeiramente, porque é de ciclo rápido e você planta e está com o dinheiro no bolso três meses depois", diz. "Planto há mais de 20 anos e sempre teve essa oscilação de preços, mas se numa dessas você leva sorte com o clima e com os preços no mercado, compensa muito", completa.

O agricultor do Norte Pioneiro mantém 250 hectares para o feijão e diz que não pretende abrir mão da cultura. "Pode ser que eu reduza a área algum dia, mas tenho os equipamentos, máquinas e mão de obra na região, então não posso abandonar", completa.