Variedades nacionais melhoraram também em produtividade, atingindo a marca de 8 toneladas por hectare, diz o pesquisador do Iapar Luiz Alberto Cogrossi Campos
Variedades nacionais melhoraram também em produtividade, atingindo a marca de 8 toneladas por hectare, diz o pesquisador do Iapar Luiz Alberto Cogrossi Campos | Foto: Gina Mardones



Para a produção dos mais variados produtos que envolvem o trigo, os moinhos precisam desenvolver misturas adequadas das variedades para atender à indústria, o que envolve uma classificação da commodity, como a classe, força do glúten, falling number, peso hectolitro, entre outros. No Brasil, já foram desenvolvidas mais de 100 cultivares do cereal, cada qual para atender às diversas características e condições, dependendo da região de plantio.

O pesquisador da área de melhoramento genético do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Luiz Alberto Cogrossi Campos, atua no desenvolvimento de cultivares de trigo na instituição desde a década de 1970. "Hoje, junto a uma parceria com a Fundação Meridional, Iapar e Embrapa temos 23 pontos de testes no Paraná, São Paulo e Mato Grosso para desenvolver lançamentos de qualidade".

Para ele, atualmente o Brasil consegue desenvolver "trigo melhorador" tão competitivo como os argentinos, "alguns até melhores". "Isso é possível mais no Norte do Paraná, Sul de São Paulo e Mato Grosso. São regiões mais quentes e propícias para o tipo melhorador, como uma força de W mais estável".

Na região do Rio Grande do Sul, Cogrossi explica que é um pouco mais complexo devido às baixas temperaturas. "É necessário uma determinada temperatura para que as proteínas possam se agregar e dar aquilo que geneticamente o trigo contém. Há muita influência do ambiente e por isso o RS não tem conseguido os chamados trigos melhoradores".

No que diz respeito à produtividade, a evolução das variedades nacionais é grande. Ele relembra que na década de 1960, a média era de 900 quilos por hectares. Agora atingiu a marca de 8 toneladas por hectare. "Temos condições de produzir muito e com qualidade. Porém, temos uma deficiência para o armazenamento do trigo por classificação, dos mais fracos para os mais fortes".

Por fim, Cogrossi acredita que o desafio da pesquisa está em buscar uma boa resistência a doenças, como giberela e brusone, controle na germinação na espiga e, claro, produtividade. "Vale dizer que a partir de 1990, quando houve essa inserção da classificação do trigo, a pesquisa começou a trabalhar muito nesse melhoramento. Acontece que o cruzamento hoje vai fazer com que essa variedade fique pronta daqui a 15 anos. É algo contínuo que envolve cruzamentos todos os anos". (V.L.)