André Carioba: "Devemos sim acabar com a vacinação, mas respeitando o cronograma dos outros estados"
André Carioba: "Devemos sim acabar com a vacinação, mas respeitando o cronograma dos outros estados" | Foto: Sérgio Ranalli/20-01-2015



A FOLHA conversou com experientes pecuaristas da região de Londrina acerca dessa polêmica em como o Estado deve se comportar frente ao PNEFA, ou antecipando o fim da vacinação, como vislumbra a Faep, ou seguindo o cronograma estipulado pelo Mapa pensando em todos os estados da federação.

Na opinião de Alexandre Turquino, presidente da ANPBC (Associação Nacional de Produtores de Bovino de Corte) e pecuarista com propriedades no Paraná e Mato Grosso do Sul, o Estado não pode se tornar "uma ilha" e se adiantar frente ao Mapa. "Antes, estávamos à frente (dos outros estados) porque não havia nenhuma perspectiva de o País parar de vacinar. Mas a partir do momento que o Mapa se posicionou em relação a isso, é muito melhor seguirmos o cronograma do Ministério."

O negócio de Turquino é exemplo das dificuldades que muitos pecuaristas teriam. Ele faz a cria de animais no Mato Grosso do Sul e, depois, envia para o Paraná, onde recria e comercializa nos leilões. "Caso fiquemos sozinho nisso, eu não poderia mais trazer gado do MS. A nossa cadeia teria muito prejuízo, inclusive com as exposições rurais e genética dos animais."

O pecuarista concorda com o grande avanço que a mudança de status para área livre de febre aftosa sem vacinação pode trazer, mas isso deve ser feito em conjunto. "Todos vamos ganhar em conjunto e não o Paraná sozinho. O Mapa já está se sentido seguro em ir retirando gradativamente a vacina. Assim, vamos galgar mercados como do Japão e EUA, mas de forma programada."

O pecuarista André Carioba também não tem dúvidas de que a vacinação tem que parar de forma conjunta entre os estados que têm trânsito de animais. Ele relata que este nem é o momento certo para uma ação isolada. "Vivemos um momento complicado, de crise, inclusive depois de tudo que aconteceu com o grupo JBS."

Ele contra-argumenta a ideia que algumas entidades tem, como a própria Faep, que se o Estado fizer isso de forma isolada os preços da arroba iriam melhorar, beneficiando os produtores. "O consumidor não vai comprar essa carne mais cara e os supermercados (varejo) vão acabar buscando produtos de outros estados."

Em 2005, Carioba relembra que teve que abater compulsoriamente 1,8 mil cabeças de animais sadios quando aconteceu aquele caso de febre aftosa no Estado. Além disso, ficou seis meses sem poder realizar o "giro do boi". "Recebi indenização, mas não gostaria de ter tido o transtorno pelo fato de não ter achado o vírus da aftosa em nenhum animal que foi feito autópsia. Acho que devemos sim acabar com a vacinação, mas respeitando o cronograma dos outros estados".

Em relação à Adapar, ele também acha que a entidade não tem estrutura física para bancar esse isolamento. "Para um controle maior das fronteiras, teria que se contratar um efetivo muito grande de gente". "Hoje existe uma influência muito grande da Faep junto ao governo estadual, e isso está ligado à avicultura e à suinocultura. Eles não têm muita representatividade na pecuária de corte", resume (V.L.)