Imagem ilustrativa da imagem Monitoramento das variáveis ambientais
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Sensores instalados na fazenda pela Agrosmart realizam o monitoramento de dez variáveis ambientais que, depois de analisados por uma equipe técnica, permitem passar instruções técnicas ao produtor de como se comportar sobre o que está por vir



Em 2014, prevendo as projeções otimistas acerca da agricultura digital e cada vez maior absorção de dados dentro das propriedades, três jovens resolveram apostar numa startup com foco no "cultivo inteligente", monitorando diversas variáveis ambientais. A Agrosmart começou com trabalho na irrigação, mas hoje o produtor controla diversas outras informações, como chuva acumulada, umidade de solo, consumo de energia ou combustível, consumo de água, condições do tempo na fazenda e previsão do tempo.

A comercialização dos serviços anuais - com sensores instalados na fazenda monitorando dez variáveis ambientais – iniciou no ano passado e a perspectiva é que o faturamento chegue a R$ 55 milhões em 2021. Hoje a empresa monitora 55 mil hectares, com clientes na Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná.

O diretor de operações e fundador da Agrosmart, Raphael Pizzi, relembra que a empresa surgiu da necessidade dos produtores das famílias dos próprios sócios. "Percebemos que apesar deles terem muita tecnologia no campo, eles estavam presos à fazenda, porque não conseguiam acompanhar o dia a dia de longe se, por exemplo, fizessem uma viagem. Nossa ideia foi aproximar o agricultor da lavoura sem precisar necessariamente estar lá. Agora é possível por meio da nossa plataforma pelos acessos remotos".

Mas a sacada foi ainda mais longe: para se diferenciar do "mundo de informações" que hoje o produtor já tem acesso, a ideia da Agrosmart é passar "insights" aos clientes, instruções técnicas de como se comportar sobre o que está por vir. "O produtor já tem uma carga grande de dados em cima dele e que não sabe como tomar decisões em cima deles. Ele não quer saber a umidade do local, mas sim se precisa irrigar ou não e qual a quantidade. São mensagens diretas para tomar essa decisão. As informações já chegam pela agricultura de precisão, drones, sensores, mas ter que jogar tudo isso numa planilha de excel complica o trabalho".

Para atender seus clientes com esses "insights" de forma certeira, a empresa conta com um time de 20 colaboradores, entre agrônomos, meteorologistas, desenvolvedores de software, de hardware, além da equipe comercial. "Hoje entendemos que existem os produtores mais tecnificados, que são os primeiros a comprar esse tipo de solução, e os mais resistentes, que você precisa gerar conteúdos na internet, ministrar palestras, para que eles percam o medo de confiar numa nova tecnologia. Por isso, hoje focamos nossa estratégia nos grandes produtores para que eles sirvam de referência aos menores".

O valor dos serviços variam, dependendo do pacote, entre R$ 30 e R$ 300 por hectare. "Hoje preferimos oferecer o serviço ao invés de vender o equipamento, porque a gente acredita que para tomarmos boas decisões para o produtor, a parte técnica precisa estar em pleno funcionamento, para gerar os dados corretamente. Em relação ao preço, para alguns tipos de produtores, principalmente que utilizam a irrigação, a economia é gerada de forma muito rápida em, entre a primeira e segunda safra o produto já está pago".

Para o futuro, Pizzi confirma que as demandas estarão focadas na prevenção de pragas e doenças, antecipando que a área está suscetível dependendo das condições ambientais monitoradas. "Para crescer, estamos focando em outros mercados também, como a América Latina. Já realizamos inclusive instalações em Israel e estamos projetando um escritório nos EUA". (V.L.)

Parcerias entre empresas e agronegócio
Além da Monsanto, a IBM – gigante americana do setor de informática – também está de olho no agronegócio pela agricultura digital. No Brasil, a empresa anunciou recentemente o desenvolvimento da IBM AgriTech, uma plataforma aberta em parceria com empresas tradicionais do setor de tecnologia agrícola brasileiro.

A plataforma une tecnologias como computação cognitiva, Internet das Coisas (IoT) e dados meteorológicos da Weather Company com outras soluções 100% brasileiras já reconhecidas pelas principais empresas do setor. É o caso da parceria com a AgroTools, empresa que há mais de 10 anos capta e mantém o maior banco de dados territorial do agronegócio tropical e que dispõe de uma metodologia e um motor de mapas únicos para operar na imprecisão fundiária brasileira.

Para o CEO da Agrotools, Fernando Martins, a parceria com a IBM traz diferenciais e atrativos importantes para o mercado. "A circulação de dados e o raciocínio geoespacial ao longo da cadeia produtiva são fundamentais para a transformação digital do campo. Estamos engajados com a IBM para construirmos uma plataforma geocognitiva e aberta para o agronegócio, permitindo a circulação de dados assim como a extração de insights essenciais para os diversos agentes do setor".

Os usuários poderão acessar e contratar os serviços da IBM AgriTech on-line e pagarão o equivalente ao seu consumo, seja de dados ou soluções construídas com os recursos da plataforma. Para seu desenvolvimento, a IBM conta com parceiros diversos, desde aqueles que desejam consumir determinada tecnologia para o seu negócio até os que disponibilizarão suas soluções na nuvem. (Reportagem Local)