Jorge Fernando Larini e o pai Cézar Larini utilizam um banco de dados para o combate de doenças, pragas e plantas daninhas das lavouras brasileiras
Jorge Fernando Larini e o pai Cézar Larini utilizam um banco de dados para o combate de doenças, pragas e plantas daninhas das lavouras brasileiras | Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli



Uma visita rápida na App Store ou Play Store comprovam: o agronegócio se tornou mobile. Na tela do tablet e, principalmente, do celular, os produtores rurais aproveitam o "boom" criativo das empresas e instituições de pesquisa em desenvolver aplicativos que, de fato, façam a diferença no campo. Um movimento de mercado que começou tímido há cerca de quatro anos, mas que agora se mostra sólido e tem feito a diferença para quem acompanha tais inovações agrodigitais. Um objetivo é claro na maioria destes apps: gerar informação "real time" para tomada de decisões.

São os mais diferentes segmentos atendidos pelas empresas e pesquisadores que apostam na tecnologia móvel: informações para controle de pragas, controle nutricional em confinamento, mercados, clima, mapeamento de áreas e diversas outras criações. Inclusive, já há produtores paranaenses solicitando aplicativos próprios para o seu negócio.

O professor do departamento de zootecnia Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Dante Pazzanese Lanna, é especialista neste tipo de trabalho. Na universidade paulista, a equipe desenvolveu um software chamado "Ração Lucro Máximo" (RLM), utilizado por diversas empresas para formulação e otimização de dietas, cálculo de exigências nutricionais e simulação de desempenho de bovinos de corte. Agora, em parceria com a gigante IBM, a universidade tem projetos para aplicativos móveis, das mais variadas ferramentas. "Hoje estamos num mundo de coleta de informação. Agricultura é velocidade para tomada de ações corretivas. Se a gramagem de um produto na ração está errada, em 30 dias você perdeu muito dinheiro. A velocidade para definir estratégias é importante, e com aparelhos móveis isso fica mais eficiente".



Lanna não vive apenas na teoria esse tipo de trabalho. Na propriedade de sua família, no município de Bom Sucesso - a pouco mais de uma hora de Londrina – eles utilizam um aplicativo que é possível saber pelo celular o ganho dos animais confinados em tempo real, já que há sensores ligados nas balanças. "Hoje há muitos produtores que coletam dados, mas muitas vezes não sabem o que fazer com eles. Os aplicativos acabam sendo interessantes porque colocam todas as informações de forma organizada, transformando-se em algo útil para o desenvolvimento do negócio".

O professor doutor em economia rural da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eugênio Stefanelo, também concorda que a informação precisa gerar soluções concretas para o produtor. "É preciso ter uma capacidade analítica sobre essas informações para que, de fato, o produtor as utilize e gere resultados. Muitos ainda têm acesso a esses aplicativos, mas não conseguem utilizá-los de forma eficiente", salienta.

Stefanelo também alerta: há muitas ferramentas e programas com pouquíssima utilidade para o negócio. "É preciso ter um critério muito forte para utilizá-los. É necessário a busca por ferramentas que tragam algo concreto para a atividade, em que a tomada de decisão gere impacto verdadeiro".

Imagem ilustrativa da imagem Mobilidade que gera resultados