O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) emitiram na quinta-feira (22) o último boletim do serviço "Alerta Geada" neste ano. Com a chegada da primavera, não há mais risco de ocorrer o fenômeno na região cafeeira do Estado, e consequentemente, dispensa o serviço de orientação ao cafeicultor.

A recomendação aos produtores que amontoaram terra no tronco dos cafeeiros é retirar imediatamente a proteção, procedimento que deve ser feito com as mãos para evitar danos às plantas.

Em operação desde maio, o Alerta Geada faz previsões diárias de temperatura e do risco de ocorrer geadas na região cafeeira do Estado. O serviço auxilia os cafeicultores a decidir sobre o uso de técnicas de proteção em lavouras novas de café, de até dois anos.

A zona cafeeira do Paraná experimentou um inverno de temperaturas amenas este ano. Apenas um aviso de alerta geada foi emitido, em junho, quando uma massa de ar polar avançou pela região. "Nas outras ondas de frio, tivemos apenas geadas de baixada, sem risco para os cafezais", explica a meteorologista Ângela Beatriz Costa.

A pesquisadora também explica que a influência do El Niño provocou aumento do volume de chuvas. Na estação meteorológica do Iapar, em Londrina, foram registrados 292,9 mm em junho e 108,5 mm em julho - nesses meses, a média histórica é de 112,4 mm e 95,1 mm, respectivamente.

LA NIÑA
Para a primavera, a atividade do fenômeno La Niña está confirmada e indica a ocorrência de chuvas e temperaturas amenas nos próximos dias. Mais para o final do ano, o volume de precipitações deve diminuir, com risco até de estiagens nas diversas regiões produtoras do Paraná, aponta Ângela.

La Niña é um fenômeno natural marcado pelo resfriamento das águas na porção equatorial do Oceano Pacífico, enquanto o El Niño, ao contrário, se caracteriza pelo aquecimento naquela região. Os dois eventos causam grande impacto nas condições climáticas do Paraná e do Sul do Brasil.

SAFRA
A cafeicultura ocupa cerca de 50 mil hectares no Paraná. A maior parte das lavouras paranaenses tem em média 10 hectares e é conduzida por pequenos produtores familiares.

De acordo com o economista Paulo Sérgio Franzini, do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), a previsão é que a safra deste ano chegue próximo de 1,1 milhão de sacas beneficiadas.

A massa de ar polar que chegou ao Paraná em junho não causou prejuízos aos cafeeiros. No entanto, as chuvas provocaram grande queda de frutos em ponto de colheita, o que reduziu a qualidade geral da bebida. "Para diminuir o custo da colheita, muitos produtores derriçaram o que restou nas plantas e levantou junto com o que já estava no chão, isso aumentou a quantidade de lotes rio e riado oferecida ao mercado", analisa Franzini.

O Alerta Geada voltará a ser ativado no próximo ano. O serviço é uma iniciativa do Iapar e do Simepar, com o apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Instituto Emater, Consórcio Pesquisa Café, prefeituras, cooperativas e associações de produtores.