A doença preocupa por ainda não haver produtos para o controle e a facilidade com que ela se dissemina para outros solos, revela Raphael Melo, da Embrapa Hortaliças
A doença preocupa por ainda não haver produtos para o controle e a facilidade com que ela se dissemina para outros solos, revela Raphael Melo, da Embrapa Hortaliças | Foto: Embrapa Hortaliças/Divulgação



O incremento de produção e consumo de brócolis faz com que a pesquisa mantenha trabalhos importantes sobre a cultura. A Embrapa Hortaliças, com sede em Brasília, num passado recente fez um levantamento sobre como anda o manejo e dificuldades dos produtores pelo País, rodando em diferentes estados, incluindo a Região Metropolitana de Curitiba (RMC), como Pinhais e Colombo, além do Cinturão Verde de São Paulo e Rio Grande do Sul, conversando com diversos atores da cadeia.

Raphael Melo, pesquisador na área de fitotecnia da Embrapa Hortaliças, relata que trabalha com a espécie desde 2007, além de ser um consumidor assíduo de brócolis. "Poucas pessoas há 15, 20 anos, consumiam essa hortaliça com regularidade. Nos últimos anos, o brócolis acabou passando a couve-flor em área plantada no País. A ciência foi gerando uma série de dados ligados à nutrição e saúde. O brócolis está em voga nesse sentido, principalmente quando se trata de substâncias antioxidantes, de prevenção ao câncer".

No Brasil, a olerícola, segundo Melo, também está ligada ao segmento de food service. Ou seja, grandes cadeias de restaurantes que conseguem utilizar o alimento processado para cozinhas industriais e restaurantes, se tratando do brócolis-chinês. "Temos uma rede de restaurantes pelo País chamada Giraffas que tem brócolis em praticamente todos os seus pratos. Mesmo assim, o que se percebe é que a maior parte do alimento ainda está destinada a pessoas de maior renda, no Sul e Sudeste, por conta da logística, plantio nas regiões e hábitos alimentares".

No giro da Embrapa Hortaliças pelos locais de maior produção, uma doença recorrente acabou chamando a atenção dos pesquisadores: a hérnia das crucíferas, do reino das algas, mas semelhante a um fungo. "É uma doença bem difícil de manejar, porque não tem solução a não ser deixar de cultivar alguma planta da família e manejar o solo. Não há fungicida e nenhum outro produto que possa lançar mão para fazer controle. Ela está na região Serrana, em Curitiba, Sul de Minas Gerais e outros locais. Outra dificuldade é que ela é facilmente disseminada para outros solos".

Em relação ao manejo, o pesquisador relata que o produtor não pode privilegiar nenhum aspecto específico, já que as ações são "complementares para atingir boa renda". Há produtores de diferentes níveis com problemas distintos. O pequeno produtor ainda está muito desassistido e vai manejar de acordo com a experiência dele. "Já o médio produtor tem maior uso de tecnologia, porém ainda se atrapalha na escala, colocando cultivos velhos ao lado de novos. Isso faz com que as pragas migrem de um lugar para o outro, além do uso incorreto de fertilizantes, o que gera problemas de ordem fisiológica da planta. A parte da nutrição é importante, juntamente com o manejo de pragas e doenças".

Por fim, o pesquisador relata que no País os olericultores têm bons níveis de produtividade, mas ainda pecam por falta de informação e tecnologia. "Em 2015, a Embrapa editou um livro da série Coleção Plantar que trata sobre o brócolis. Os interessados podem adquirir o livro por um preço simbólico ou baixar o PDF gratuitamente pelo site da instituição. São informações que vão desde a caracterização da cultura, parte botânica, até composição nutricional, manejo, colheita e custos", explica Melo. (V.L.)