Na comunidade Eli Vive, família Faria cultiva três hectares de feijão e já realiza a colheita manual acreditando em  boa produtividade e preço
Na comunidade Eli Vive, família Faria cultiva três hectares de feijão e já realiza a colheita manual acreditando em boa produtividade e preço | Foto: Saulo Ohara



Com a expectativa de aumento da safra paranaense 2016/17, é natural que os preços comecem a sofrer uma pressão de queda. Em julho do ano passado, por exemplo, o feijão de cor estava sendo comercializado a R$ 376 a saca de 60 quilos, enquanto o preto atingiu o patamar de R$ 211. Já no mês passado, o valor do cor era de R$ 152,8 (contra R$ 161,5 do mesmo período de 2015) e o preto, R$ 196, contra R$ 109,5.

Mesmo assim, especialistas apontam que os preços continuarão interessantes para os produtores ao longo de 2017. Isso porque a safra brasileira estava inicialmente estipulada em 3,5 milhões de toneladas, de acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), mas deve fechar próximo a 3 milhões de toneladas. "Haverá momentos de pressão sobre os preços, com muita gente querendo vender ao mesmo tempo, mas logo em seguida acredito numa recuperação. Estamos produzindo menos e temos riscos climáticos em Goiás, Minas e Bahia, com a produtividade caindo. No caso do Paraná, o clima vem ajudando até agora, principalmente nos Campos Gerais, área importante, com produção de bom volume e qualidade".

O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders, avalia esse aumento de área e volume com cautela, já que nota uma menor produção comparado ao histórico de 2011 a 2015 no Estado. Mesmo assim, ele relata que o produtor que teve o cuidado de plantar nesta primeira safra uma variedade de carioca de médio escurecimento, não precisa ficar se sujeitando a vender logo na sequência da colheita. "Há algumas variedades no mercado que possuem características desenvolvidas pelos pesquisadores que faz que a leguminosa não escureça rapidamente. Assim, não há aquela pressão de venda logo após a colheita e os produtores conseguem se sair melhor".

Outros produtores que estão se saindo bem, segundo Lüders, são aqueles que apostam na diversificação, fugindo apenas das variedades de cor. Além do preto, o especialista indica o plantio dos feijões rajados e vermelhos. "No dia de hoje (segunda-feira 09), o feijão carioca no interior do Paraná está sendo negociado entre R$ 120 e R$ 130 a saca. O preto R$ 170 e R$ 180 e o vermelho e rajado, na faixa de R$ 200. Essa diversificação com outras variedades, e não apenas foco no carioca, é o que trás os melhores resultados atualmente".

Tal estratégia pode ser interessante porque, além do mercado interno, os feijões rajados e vermelho têm mercado garantido no exterior. "Eles são característicos para exportação. Se o mercado interno não absorver a um preço razoável, há uma possibilidade do mercado internacional. Vale dizer que a próxima colheita que o mundo vai receber significativamente é em maio, com a produção argentina".

Outro cenário que os produtores devem ficar atentos é um receio referente a segunda safra. Com o vazio sanitário da soja reformulado no Estado, há uma possibilidade de um aumento desordenado das áreas de feijão. "Por isso a importância da diversificação", complementa o representante do Ibrafe. (V.L.)