Imagem ilustrativa da imagem DEDO DE PROSA



Doadora 'verde'
Sinto-me imensamente feliz por ser doadora de árvores. Isso está em meu gene ambientalista.
Para esses fatos contribuem meus amiguinhos, os passarinhos, que, sobrevoando o espaço de minha residência, bombardeiam-no com dejetos repletos de sementes dos frutos que comeram.
Eu os abençoo sempre por isso, porque os presentes que me trazem em seus pequenos cocozinhos são preciosos e de todos os tipos: brassaias, cerejeiras, laranjeira, astrapeias/dombeias, pitangueiras, uvaias, ameixeiras, pé-de-galinha, espinheira santa, fruta do conde e até limoeiro, imaginem.
Insetozinhos também contribuem com essa minha mania ambiental porque polinizam as flores que me fornecem sementes. As sementes eu planto e doo. É um círculo prazeroso para mim. Adoro observar o espaço em torno de minha casa e encontrar novas plantinhas para doar.
Porque as doo? Porque se não fizesse isso eu teria que cortar e eliminar as novas árvores que encontro nascidas em meu quintal. Como isso não faço porque dói-me o coração, então eu espero que elas cresçam um pouco, transplanto-as em um vaso e fico procurando, entre todos aqueles que conheço, alguém que as deseje. Assim é que não dispenso nenhuma das mudinhas que me foram doadas pelas avezinhas benditas.
Sou privilegiada por essas ações. Explico: vez ou outra sou surpreendida por um amigo ou amiga que vem me dar conta de que a árvore que eu doei está dando frutos e que, por isso, se lembram sempre de mim. Não é uma maravilha? Alguns deles até me trazem frutos das árvores que um dia foram doadas.
Mesmo que assim não fosse, eu ainda teria a certeza plena de que estou contribuindo para o futuro do planeta e, também, para que as futuras crianças possam ter alguma fruta para comer. Trata-se de uma herança verde que deixo aos descendentes daqueles que aceitam minhas doações.
O que me deixa muito feliz é o fato de saber que alguém, que não conhecerei, futuramente estará aproveitando-se, de alguma forma, daquilo que lhe deixei como herança neste mundo.
E se assim me sinto, como não se sentirão as aves e insetozinhos que no espaço de minha casa encontram terreno fértil para descansar e fazerem suas necessidadezinhas fisiológicas? Pense nisso.

Marina Polonio é leitora da FOLHA