Imagem ilustrativa da imagem Consumo local muda realidade de agricultores
| Foto: Anderson Coelho
A agricultora Jovana Cestille e mais 29 produtoras fornecem 40 pacotes de produtos agroecológicos, com compradores garantidos



As associações e cooperativas contribuem não apenas para o fortalecimento de agricultores camponeses, mas para o surgimento de novos grupos que conseguem sobreviver pela produção de alimentos diversos em lotes familiares. A afirmação é do professor Estevan Leopoldo de Freitas Coca, do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em sua tese de doutorado sobre soberania alimentar, e encontra eco em exemplos de Londrina, como a Cooperativa Solidária de Produção, Comercialização e Turismo Rural da Agricultura Familiar do Norte do Paraná (Coafas).
O grupo surgiu com 30 agricultores do distrito de São Luiz em 2008, com apoio da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, e hoje conta com quase 400 cooperados. O vice-presidente da Coafas, o produtor Rogério Rodrigues, afirma que o objetivo inicial foi levar os produtos ao mercado consumidor sem a ação de atravessadores. "Foi aí que começamos a participar do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e, depois, do Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Os produtores entenderam melhor como funciona e pudemos trabalhar só nisso", diz.
Antes de participar dos dois programas pela Coafas, Rodrigues conta que precisava buscar emprego fora da propriedade. "Sempre gostei da roça, mas não dava para trabalhar por diárias. Precisava ter um fixo", diz o agricultor. "Agora, a qualidade de vida é melhor e sempre temos pessoas que procuram nos conhecer e tentar se associar", completa.
Por meio da cooperativa, ele afirma que foi possível buscar alternativas para o excedente de produção. A Coafas negocia a criação de uma feira do produtor na região de Londrina e de um sacolão próprio. "Nosso gargalo hoje é não querer mais ficar só no mercado institucional", reforça Rodrigues.

PRIMEIROS PASSOS

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| Foto: Anderson Coelho



Para a agricultora Jovana Cestille, a busca por mercados ainda está no começo, mas também se dá em grupo. Ela faz parte de uma das 501 famílias em lotes do assentamento Eli Vive, na região do distrito de Paiquerê, e uma das participantes do projeto Sacolas Camponesas, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Os assentados já produzem, principalmente, milho verde e batata-doce para fornecer ao Pnae. Porém, precisavam melhorar a alimentação da própria família e garantir um complemento de renda. Foi nesse momento que entrou em cena o Sacolas Camponesas, pelo qual ela e mais 29 agricultoras fornecem 40 pacotes de produtos agroecológicos, com compradores garantidos. "Faz com que as mulheres tenham a própria renda, porque são os homens que coordenam a produção de batata-doce e de milho, e dá autonomia financeira para a gente comprar alguma coisa para a casa e avançar nessa produção de horta", diz Jovana.
Entre os produtos ofertados estão abobrinha, banana, couve, cheiro-verde, alface, tomate cereja, mandioca, mandioca salsa, beterraba, cenoura, almeirão, rúcula, maracujá, goiaba e chuchu, entre outros. A partir da experiência na UEL, ela explica que há a expectativa de desenvolver uma logística para estender as relações com outras instituições. "Abrimos outros mercados, podemos diversificar mais a produção e isso vai melhorar muito a nossa renda", conta.