O Paraná foi responsável por abater mais de um terço dos frangos de corte em todo o Brasil em 2023, volume que representa 34,3% de participação nacional e ampla liderança entre os outros estados brasileiros. O destaque é produto de levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O médico veterinário Roberto de Andrade Silva, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) – órgão da Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento) –, destaca que alguns fatores explicam a ampla participação do território paranaense no abate de frangos. “Aqui no Paraná temos um cooperativismo forte, além de grandes agroindústrias, como JBS e BRF, que não têm dificuldades com a aquisição de milho e soja”, pontua. Os grãos são as principais matérias-primas para alimentação do plantel.

Segundo o IBGE, o estado registrou um crescimento no abate de 5,5% em 2023 em relação ao ano anterior. O desempenho dos mercados interno e externo puxaram essa alta. “Todo ano cresce o consumo per capita de frango no Brasil. Além disso, o Paraná é o primeiro produtor e o maior exportador de aves. E sempre há espaço para crescimento, mas na dependência dos mercados interno e externo”, acrescenta.

SINDIAVIPAR

Ao final de 2023, o Mapa da Avicultura Comercial no que se refere à produção paranaense apontava 17.259 aviários em 7.190 propriedades rurais, presentes em 329 dos 399 municípios do Paraná.

“No que se refere ao plantel avícola comercial, a produção ocorre por sistema de integração. No Paraná é insignificante a produção independente”, destaca Roberto Kaefer, presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná).

Ele acrescenta que, pelos sistemas de produção integrada, é possível controlar todas as etapas de produção, desde a criação de aves até o abate e o processamento final. “Isso permite uma gestão eficiente e otimizada da produção, com controle total dos manejos sanitários”, pontua.

Além disso, o presidente do Sindiavipar cita os investimentos em tecnologia e em inovação, práticas recorrentes nas indústrias avícolas do estado. “Constantemente buscam-se melhorias nos processos de produção, nutrição animal, genética, manejo sanitário, sanidade avícola, segurança alimentar, saúde humana, para que as comunidades estejam protegidas nos campos e nas cidades. Esses investimentos aumentam a eficiência e a produtividade”, completa.

PERSPECTIVAS

Sobre as perspectivas de crescimento para a avicultura paranaense e brasileira, Kaefer explica que uma série de fatores geram influência a médio e a longo prazos, como demanda doméstica e internacional, tecnologia e inovação, políticas governamentais, questões ambientais e sanitárias, entre outros. “Estabelecer diagnóstico no tocante à produção seria prematuro. Hoje a indústria avícola paranaense busca crescer de forma equilibrada, observando constantemente a demanda global por proteína animal”, conclui.

CRESCIMENTO

O avicultor Álvaro José Baccin relembra que ampliou em 20% sua criação de frangos em Cascavel em um ano, saltando de 1 milhão em 2022 para 1,2 milhão de cabeças em 2023. Toda a produção vai para um frigorífico da BRF, em Toledo. “Esse crescimento se deu em função da redução do intervalo entre um lote e outro. Em 2022, o intervalo estava entre 30 e 35 dias. Em 2023, ficou em 18 dias”, compara.

Para este ano, Álvaro vislumbra um mercado promissor. “Houve um certo equilíbrio na oferta, e isso regularizou o mercado interno. Então os preços no atacado tiveram uma ligeira melhora. Espero neste ano iniciar a construção de dois galpões que vão abrigar 90 mil cabeças de frango para, a partir de 2025, aumentar minha produção em torno de 50%”, projeta.

EXCELÊNCIA

A evolução nos negócios passa por uma série de ações empreendidas na granja para garantir excelência na produção. “Monitoramos os principais parâmetros de controle do processo, como temperatura, umidade, qualidade da cama, altura dos equipamentos, quantidade de comida e de bebida”, exemplifica.

Há oito anos, a granja dispõe de um sistema de comunicação importado de Israel que monitora em tempo real, de maneira remota, todos os parâmetros que garantem qualidade ao plantel. “Analisamos o histórico e tomamos medidas corretivas, colocando a produção dentro dos mais elevados padrões de manejo.”

Isolamento térmico em granja garante economia de energia elétrica
Isolamento térmico em granja garante economia de energia elétrica | Foto: Arquivo pessoal

Os galpões contam com isolamento térmico nas paredes e no teto. Com isso, a economia de energia ocorre nos dias frios e quentes. Para o aquecimento da granja, é utilizada a fonte biomassa, com o uso de resíduos florestais. Um dos desafios é contornar o aumento de preço das matérias-primas nesse quesito. “O cavaco subiu mais de 100% nos últimos dois anos e o pallet de madeira subiu 80%”, destaca.

A geração de energia elétrica é 100% via placas solares. Mas apesar de 100% de autossuficiência, as quedas constantes de energia elétrica inutilizam o uso da fonte solar. Nesse momento, Álvaro explica que entram em operação os geradores a diesel, sendo que cada um consome até 20 litros do combustível por hora.

“Muitas vezes ficamos até 12 horas sem energia, e isso onera muito o custo da produção. Apesar de gerar energia, mesmo que tenha sol, fica toda desligada a rede, e entram os geradores. Não conseguimos obter energia das placas quando falta energia da concessionária, então é preciso que haja melhoria na rede”, reivindica.

O controle de biosseguridade é feito à risca, o que inclui higiene, controle de pragas e microbiológico, além da desinfecção dos produtos que entram na propriedade, entre outros tópicos. “Tudo isso evita a entrada de enfermidades. Estamos sob ameaça da gripe aviária e somos muito conscientes de que é preciso fazer o nosso papel muito bem feito. Assim, evitamos contaminações que possam afetar a saúde das aves”, conclui.