Com a queda na safra de lichia, Noriaki Akamatsu acredita que este ano apenas a família dará conta da colheita, sem a necessidade de contratar mão de obra
Com a queda na safra de lichia, Noriaki Akamatsu acredita que este ano apenas a família dará conta da colheita, sem a necessidade de contratar mão de obra | Foto: Marcos Zanutto



Na contagem regressiva para as festas de fim de ano, os fruticultores paranaenses que se dedicam às frutas mais consumidas nesta época estão a todo vapor. Momento de colher e comercializar as frutas de caroço – pêssego, nectarina e ameixa -, lichia, maçãs, manga, uva e outras variedades que são vedetes nas ceias de Natal e Ano Novo. É hora dos consumidores celebrarem e os produtores faturarem.

Uma verdade para este ano é que estas frutas de fim de ano estão com preços mais elevados. A reportagem da FOLHA apurou em diversas regiões do Estado que a produção como um todo fechará menor em comparativo ao ano passado. As ondas de calor atrapalharam o desenvolvimento das frutas, que precisam de um período de frio razoável para a brotação e o florescimento das árvores. As frutas de caroço e a lichia, sem dúvida, foram as que mais sofreram com as altas temperaturas.

Aliás, a sucessão de problemas climáticos é um dos principais motivos para a queda de produção das frutas de caroço no Paraná. Quem continua na atividade precisou se profissionalizar e também diversificar com outras culturas. Em 2016, foram apenas 1,75 mil hectares, sendo 1 mil dedicados ao pêssego, principalmente nas cidades de Lapa, Porto Amazonas (nectarina). Já Arapoti é responsável por 27% da produção de ameixa. "Em 2016 a produção de frutas de caroço no Estado fechou em 22,5 mil toneladas. Este é um momento que os produtores se planejam para ter rentabilidade e pegar o consumidor com o 13º salário em mãos", explica o engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural), Paulo Andrade.

A falta de frio afetou também as culturas de pêssego e ameixa em propriedade de Santo Antônio do Paraíso, produtividade teve retração de 40%
A falta de frio afetou também as culturas de pêssego e ameixa em propriedade de Santo Antônio do Paraíso, produtividade teve retração de 40% | Foto: Luiz Polican/Divulgação



Quando se trata da lichia – apesar da queda de produção deste ano ainda não estar contabilizada (além da temperatura, pesa também a bianualidade da cultura) – o que se percebe é que a fruta se firmou em algumas cidades, como Carlópolis, Andirá, Assaí, Guapirama e São Sebastião da Amoreira. Hoje a área é de 229 hectares e a produção do ano passado ficou em 2,1 mil toneladas. "Em dez anos a área cresceu muito e a produção saiu de 375 toneladas para duas mil toneladas. O Norte Pioneiro corresponde a 80% da produção. O que percebemos é que um nicho de negócio bastante rentável."

No que diz respeito à maçã, quem planta a variedade eva – que é mais precoce – consegue faturar agora no fim de ano. Andrade explica, entretanto, que "muitos produtores trabalham com a fuji e gala e acabam comercializando os produtos a partir de janeiro, quando a colheita inicia". Hoje a área de maçã do Paraná está em 1,38 mil ha para uma produção de 36,3 mil toneladas. Em 2007, a produção chegou a 55,6 mil toneladas. "Sem dúvida, aqui as questões climáticas também influenciaram bastante, além das importações de outros países e até de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Vale dizer que muitos produtores deixam maçãs em câmaras frias para poder comercializá-las agora no fim de ano". A Região Metropolitana de Curitiba (RMT) continua liderança o cultivo de maçãs, com mais de 50%.