O coordenador estadual de produção florestal da Emater, Amauri Ferreira Pinto, puxa na memória quando o Paraná deu um "boom" na produção florestal. O movimento foi em 2004, quando o Estado possuía 820 mil hectares (ha) de floresta plantada. Em 2013, já atingia aproximadamente 1,4 milhão de ha.

Atualmente, segundo o "Mapeamento dos Plantios Florestais do Estado do Paraná – Pinus e Eucalyptus", realizado pelo IFPR (Instituto de Florestas do Paraná) e o SFB (Serviço Florestal Brasileiro), as áreas de plantios florestais paranaenses somam 1,06 milhão de ha, número este que representa aproximadamente 5,4% da área do Estado. Do total plantado, excluindo as áreas de corte raso, o gênero pinus continua se destacando como o de mais representatividade: 65,8% do total. Já o eucalipto abrange 34,2% da área.

Esse salto significativo em pouco mais de dez anos foi devido a uma simplificação burocrática para o plantio. Até 2004, a floresta plantada estava sob as atribuições da Secretaria do Meio Ambiente. Desde então, passou para a Seab (Secretaria da Agricultura). "Com isso, o Estado passou a encarar o plantio florestal da mesma forma que encara o milho, a soja, sem burocracia nenhuma. O produtor planta, produz, colhe e comercializa com um documento só: a nota fiscal do produtor. Isso facilitou bastante o processo."

Outro ponto que auxiliou foi a movimentação de mercado. Na época, se falava muito do "apagão florestal", ou seja, existiam projeções que faltaria madeira no Estado, o que fomentou a produção e acabou atraindo investidores, "aventureiros", não tradicionais da agricultura para fazer o plantio de floresta. "Esse pessoal que pegou carona na atividade acabou financiando essas áreas. Chegou em 2013, o preço da madeira não estava tão bom, mas o investidor tinha que vender para pagar o banco. Com a oferta elevada, o preço caiu, e esse pessoal está passando um certo aperto. Eles têm que quitar a dívida, outros montaram grupos de investimentos e precisavam dar resultados."

Na concepção do coordenador da Emater, esses prejuízos não atingiram os "produtores tradicionais" que seguiram a cartilha do instituto. "O agricultor tradicional que entrou junto com a Emater foi avisado que se tratava de um negócio de longo prazo, que não poderia deixar de produzir milho, feijão, leite, carne para produzir só madeira. Esse pessoal está tranquilo, porque se o preço da madeira agora não é atrativo, segura a floresta por mais três ou quatro anos e a hora que o preço começar a reagir, como está acontecendo, vende a floresta. A tranquilidade está porque eles têm outras rendas. A propriedade tradicional precisa pensar em curto, médio e longo prazos."

Hoje, são produtores espalhados por todo o Estado produzindo floresta, com algumas áreas mais concentradas em torno das indústrias de papel e celulose. "Muitos enxergaram que áreas com pouca precisão agrícola ou pecuária podiam ser utilizadas para floresta. Mesmo assim, ainda estamos deficitários e tem muita madeira vindo de outros estados e países da América do Sul. O ideal é o que Estado tivesse 2 milhões de ha de floresta plantada para atender a demanda." (V.L.)