Aos 27 anos, o produtor Ilson Groshovski é uma referência no cultivo de feijão na região de Ivaí. Ele iniciou na cultura junto com o pai e há oito anos trabalha numa área 60 hectares (ha), entre diversas culturas como soja, milho e trigo, e também o feijão preto.

Nas últimos anos, ele sempre apostou na safra das águas em áreas que giravam em torno de 30 ha mas, desta vez, receoso com o "boom produtivo" devido aos melhores preços, plantou apenas 10 ha. Além disso, tem uma área de 4,85 ha de feijão carioca. "Fiquei temeroso que o aumento de oferta faça com que o preço despenque daqui pra frente. Como ainda estou com uma reserva de trigo para vender, não quis ficar sem comércio também com o feijão".

Em processo de colheita mecanizada pelo menos até a próxima terça-feira, o produtor avalia que esta safra está interessante porque deve fechar numa média de 242 sacas por ha, sem muita incidência de precipitações. "Choveu menos e tive menor ataque de insetos. Como plantei no tarde, acabei apenas pegando uma semana de maior estiagem em dezembro. Por outro lado, não tivemos ataque de ácaro e nem helicoverpa". Para Groshovski, os grandes perigos sempre são a antracnose e, no final do ciclo, a bacteriose. "Neste caso, no clima mais seco, o vagem murcha repentinamente e o grão fica fora de padrão".

No que diz respeito a custos de produção, para 2,42 ha (1 alqueire), o valor gira entre R$ 4 mil e R$ 6 mil, que pode aumentar se houver cobertura de nitrogênio, compra de sementes ou aplicação preventiva de fungicidas. "O valor de R$ 180 por saca fica interessante, já que os custos estão na média de R$ 100 por saca. A grande questão, é que quando se colhe, devido a qualidade do produto, a média que pegamos por saca é de R$ 150".

Para a safra da seca, caso consiga colher parte de uma área de soja até fevereiro, Ilson acredita que pode apostar numa lavoura de 24 hectares de feijão preto. "Ainda é difícil prever este novo cenário. A safra da seca é bem mais complicada, porque há uma oscilação grande entre sol e chuva. São os primeiros 30 dias na lavoura que definem como será a produtividade", complementa. (V.L.)