Em 2003, um encontro de mulheres da indústria do café dos Estados Unidos e Canadá com produtoras da Nicarágua gerou uma organização sem fins lucrativos intitulada Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA), mostrando que havia muitas mulheres em situação difícil trabalhando na cultura e elas precisavam se organizar para mostrar tal situação.

A metodologia é o "success through localization" (sucesso através da localização), ou seja, pela criação de "capítulos" - ou grupos de trabalho - nos países produtores e consumidores. Atualmente existem capítulos em 15 países, sendo que o brasileiro foi idealizado em 2012, como uma forma de troca de experiências, fortalecimento do trabalho, treinamentos, acesso a mercados e tornando visível o papel das mulheres envolvidas no negócio do café.

As ações realizadas pelo projeto Mulheres do Café, no Norte Pioneiro, chamaram a atenção da liderança do IWCA Brasil. "Num contato de uma das nossas produtoras com a presidente do IWCA na época, percebeu-se a potencialidade de estarmos inseridas. Criou-se então algo que ainda não existia no Brasil, que é um subcapítulo da Aliança", explica a economista doméstico do projeto, Luciana Soares de Morais. Depois do Norte Pioneiro, vieram os subcapítulos de Matas de Minas, Cerrado Mineiro, Chapada Diamantina e Mantiqueira.

Para Luciana, participar da Aliança pode trazer grandes benefícios no futuro, principalmente na comercialização do café das mulheres. "Hoje sabemos que outros lugares do mundo, como na Colômbia, há um selo de respeito ao trabalho feminino no café, que agrega valor à produção. Queremos ter um selo como esse, que pode nos auxiliar em termos monetários no momento da exportação".

Hoje, Luciana comenta que há mulheres inseridas no grupo em diferentes estágios de produção, desde aquelas que ainda precisam melhorar as condições da lavoura até as que já estão na expectativa de mecanização. "Temos que continuar consolidando os grupos e criar parcerias com os compradores. Pois isso fará com que elas permaneçam neste trabalho. Afinal, é muito bonito a organização, as reuniões, mas se não der retorno financeiro, os filhos delas vão continuar indo embora para a cidade". (V.L.)