Há pouco mais de 40 anos o agronegócio brasileiro começou a perceber que investir em novas tecnologias, como insumos mais eficientes e também em inovadores sistemas de produção, a exemplo do plantio direto, traria bons resultados na hora da colheita. Mesmo 30 anos defasado em comparação aos Estados Unidos com relação a investimentos tecnológicos, a produtividade brasileira, a partir da década de 1970, começou a crescer. Entre os anos de 1975 a 2010, por exemplo, o rendimento brasileiro superou em 3,7 vezes o dos americanos.
Este resultado foi obtido por meio de um estudo realizado pelo engenheiro agrônomo Armando Fornazier, doutorando em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com o técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Eustáquio Vieira Filho, com apoio da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Segundo o estudo, a velocidade de crescimento da produtividade brasileira foi mais do que o dobro da dos Estados Unidos.
Fornazier explica que esse crescimento se deve ao aumento da tecnologia inserida nos insumos agropecuários. Plantio direto, uso adequado dos insumos e variedades adaptadas à região são, segundo o pesquisador, os grandes motivadores desse incremento em produção e produtividade do Brasil. "Além do investimento tecnológico, outro fator que proporcionou o crescimento da agricultura brasileira foi o aumento do crédito agrícola disponível aos produtores, que motivou investimentos nas pequenas, médias e grandes propriedades. Utilizamos menos recursos para obter uma maior eficiência agrícola. O agronegócio brasileiro está produzindo mais com menos insumos", destaca o pesquisador.
Por ano, conforme o estudo, a taxa de crescimento do agronegócio brasileiro nos 35 anos analisados foi de 3,6%. Para chegar a esse resultado, foi descontado o pequeno aumento simultâneo na quantidade total de insumos empregada no campo, entre trabalho, máquinas e outros. Fornazier explica que os Estados Unidos começaram a investir no fomento do setor agrícola a partir da segunda guerra mundial. Já o Brasil, segundo ele, demorou um pouco mais para começar a perceber o potencial de investimento, iniciando os seus primeiros estudos na década de 1960.
Mesmo com a eficiência em produtividade do Brasil em relação aos Estados Unidos, Fornazier salienta que a tecnologia utilizada pelos americanos ainda é superior à brasileira. "Mas o nosso País está caminhando bem", enaltece o pesquisador.

Destaque
De acordo com dados da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a produtividade do Brasil para todas as culturas na safra 1976/77 foi de 1.258 quilos por hectare (kg/ha). A previsão para o ciclo 2012/13, ainda de acordo com a instituição, é de 3.476 kg/ha. Só na soja, a produtividade no mesmo período saltou de 1.748 kg/ha para 2.938 kg/ha. No milho primeira e segunda safra, a produtividade brasileira passou de 2.868 kg/ha para 4.991 kg/ha. Nas culturas de inverno, o trigo ganha destaque com um incremento de produtividade de 891 kg/ha nas últimas 36 safras. Ao todo, a Conab estima uma produtividade do cereal de 2.311 kg/ha no ciclo 2012/13.

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