Imagem ilustrativa da imagem 'Agricultura sem herbicidas seria muito complicada'
| Foto: Gabriel Rezende Faria/Embrapa Agrossilvi
Consórcio de milho com braquiária reduz o surgimento de plantas como a buva e o capim amargoso



Uma caminhada que alie a pesquisa, a indústria de defensivos, a assistência técnica e o produtor rural. Para o pesquisador do Núcleo de Estudos Avançados em Ciência das Plantas Daninhas Hudson Kagueyama Takano, este é o caminho para o combate às plantas daninhas que, segundo ele, é o principal problema da agricultura brasileira.
Na opinião de Takano, o produtor brasileiro não se preocupa com o que esse cenário de ineficiência do glifosato pode ocasionar no futuro e só se atenta ao problema quando acontece na sua própria lavoura. "Hoje, uma agricultura sem herbicidas seria muito complicada. O mundo tem uma população crescente e se nós não encontrarmos uma forma de controlar essas plantas daninhas resistentes, com certeza teremos um cenário mundial bem preocupante no futuro", salienta.
Um dos relatos mais recentes de resistência ao glifosato é do capim pé-de- galinha. "Cada planta daninha tem uma região específica de atuação. No caso do capim azevém, é uma espécie que prefere regiões frias, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná, já o capim amargoso e o pé-de-galinha são espécies de mecanismo fotossintético que precisam de altas temperaturas e precipitação maiores, e ocorrem em áreas como Norte do Paraná, São Paulo e no Cerrado. No caso do capim amargoso e da buva, estão em quase todos os estados do Brasil, desde o Sul até o Nordeste. Já o Amaranthus palmeri é uma espécie particular, que não é natural do Brasil e ainda não sabemos como está se disseminando por outras regiões", cita o pesquisador.
Formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Takano relata que vários produtores da região já têm adotado, junto ao herbicida, o uso de plantas de cobertura para controle das daninhas, mais especificamente do milho consorciado com a braquiária. "Esse consórcio permite que a braquiária reduza o surgimento de plantas como a buva e o capim amargoso, sendo uma ferramenta bem eficiente."
O pesquisador relata que muitas vezes o produtor se prende a utilizar mecanismos de ação um pouco diferentes do glifosato. "Essa estratégia sozinha, entretanto, a longo prazo, pode se tornar pouco eficaz. Daí a importância de diversas frentes trabalharem em conjunto. As variadas alternativas não podem ficar apenas nas mãos da pesquisa." (V.L.)