O cabeleireiro Josias dos Santos entre os filhos Jhonatas e Jefferson: "Eu teria três meninas, mas continuaria com os meus"
O cabeleireiro Josias dos Santos entre os filhos Jhonatas e Jefferson: "Eu teria três meninas, mas continuaria com os meus" | Foto: Anderson Coelho



O olhar de um pai para o filho é inigualável. E com a correria do dia a dia, nem sempre esse tempo é valorizado, mas foi entre essa troca de olhares que o cabeleireiro Josias dos Santos, 44, falou sobre as peculiaridades de ser pai de três meninos.Não fazia parte dos planos, o pai torcia por uma menina desde a primeira gestação da esposa. Hoje, sem frustrações, não vê diferença na educação e foi o melhor que podia ser para os três. "Eu teria três meninas, mas continuaria com os meus", brinca.

O olhar depositado aos filhos não foi herdado. A família de Santos foi abandonada pelo pai quando ele nem tinha nascido, o que tornou o desafio maior. Sem guia, foi entre erros e acertos que se desenvolveu como pai. "Eu falhei muitas vezes, eu admito, mas foi sempre tentando acertar", conta com modéstia.



E por ter tantos meninos juntos, o pai encontrou alguns desafios. Com os talentos nas mãos, o cabeleireiro afirma nunca ter sido um bom jogador de futebol, mas viu os filhos buscando o talento nos pés. "Meu papel foi apoiá-los, eu os matriculei na escola de futebol, o que estava ao meu alcance eu fiz", conta. O mais velho chegou a treinar em outra cidade, mas desistiu. Hoje, no fim do curso de agronomia, reconhece o esforço do pai. "Nunca partiu dele, era um desejo nosso e mesmo assim ele apoiou bastante", agradece Jefferson Barbosa, 24, o primogênito.

Outra preocupação na educação de meninos é o cuidado para não criar humanos machistas. Embora a discussão não tenha sido tão presente na família, Jefferson conta que aprendeu da melhor maneira possível. "Foi com o exemplo, o jeito que meu pai trata a minha mãe, o carinho, o respeito, não foi preciso dizer muito", argumenta enquanto a mãe, Josiane, se emociona ao lado.

Quem vê tanto afeto e carinho distribuídos não imagina que os quatro têm desavenças. "Meu pai tem o pensamento diferente do nosso, mas nós temos a personalidade muito igual", conta o mais velho com a aprovação de Jhonatas Barbosa, 21, o filho do meio. O caçula, Jackson Barbosa, 17, não pôde participar da entrevista.
A verdade é que Santos é muito presente. Trabalha no salão, que é no quintal de casa, e está de olho em tudo. Na visão dos filhos, o pai é bastante explosivo, tem opinião forte e talvez um pouco teimoso, e que pode ter passado alguns desses itens pelos genes, brincam, mas é muito batalhador. "Gostaria de ser mais presente ainda, sair junto, mas a gente tem responsabilidade, trabalha bastante", lamenta o pai.

Entre sorrisos, tapinhas e olhares expressivos, os três finalizaram a entrevista orgulhosos. "Eu acho que fiz um bom trabalho, ensinei sobre ter Deus em primeiro lugar e falei sobre as coisas da vida. Hoje eu sou careta, mas depois eles também vão ser. Eu espero que eu seja exemplo para eles, que evitem cometer os meus erros", continua ensinando o pai.