Oito milhões de seguidores, 13,5 milhões de seguidores, 50 milhões de seguidores. Se os números parecem irreais e até difíceis de imaginar na prática, as redes sociais nos trazem todos os dias exemplos de pessoas que arrebatam multidões. E nem todos são exatamente famosos, no sentido mais tradicional da palavra. Os ídolos por trás de tantos seguidores, no exemplo acima, são respectivamente Madonna, Barack Obama e Felix "Pewdiepie" Kjellberg. Felix quem? O youtuber com o canal de games mais famoso do mundo é um grande desconhecido para muitas pessoas, mas mesmo assim movimenta uma legião de fãs, número muito superior aos da cantora e do ex-presidente americano.

Uma das grandes dúvidas a respeito desse fenômeno moderno é o que leva pessoas a se interessarem por desconhecidos. Paula Cordeiro, psicóloga clínica do Núcleo Evoluir, de Londrina, explica que blogueiros e youtubers têm um público específico, que vai seguir pessoas que falam sobre assuntos pelos quais tem interesse e deseja saber mais. "Por exemplo, se ela gosta de games, ela quer saber o que essa pessoa está jogando, ou quem gosta de viagem vai se interessar em seguir quem dá dicas para viajar."

O problema, segundo a especialista, é quando essas pessoas se tornam modelos a serem seguidos e o seguidor passa a querer ter exatamente aquilo que seu ídolo mostra. "Eu passo a achar que uma viagem só vai ser legal se for igual a de tal pessoa. Mas as mídias sociais expõem uma vida que não é a real. Há quem fale de uma viagem para a Islândia mas não conta quanto aquilo custa, ou o que ela deixou de fazer para poder pagar a viagem. No caso dos blogs de moda, as blogueiras ganham muitas peças, mas não contam isso. O seguidor passa a desejar ter uma bolsa exatamente igual à que ela postou, sendo que nunca conseguirá pagar por ela", explica.

Paula destaca outro comportamento preocupante e cada vez mais comum, que é quando as pessoas passam a se interessar mais em ter do que em ser. O seguidor passa então a querer ter a bolsa da blogueira, o corpo da blogueira, porque acha que dessa forma vai viver a mesma vida que ela mostra nas redes sociais.

"Eles postam apenas um recorte da vida, não mostram um dia ruim. Acabam criando uma imposição, mesmo que disfarçada, de uma vida irreal. As pessoas se apegam ao sonho e acham que ao não ter aquilo, não estão fazendo algo certo. Hoje não basta sermos felizes, temos que mostrar essa felicidade", alerta ela.