A costureira Neide Alegre Machado, tutora de Magrela, deve se beneficiar com a nova lei: "Com certeza agora ficará bem mais fácil"
A costureira Neide Alegre Machado, tutora de Magrela, deve se beneficiar com a nova lei: "Com certeza agora ficará bem mais fácil" | Foto: Gina Mardones



Desde o início de setembro uma lei municipal autoriza o transporte de pets no transporte coletivo. A autora da lei, a vereadora Daniele Ziober, explica que muitas pessoas precisavam levar o animal para atendimento veterinário e, sem terem condições de pagar um táxi, acabavam perdendo a consulta ou cirurgia.

"Em tantos anos atuando na proteção animal cansamos de ver esse tipo de situação, seja em um atendimento de emergência, para a cirurgia de castração ou mesmo vacinas. A pessoa recorria aos protetores, mas todos trabalham e ficava difícil conseguir algum voluntário disponível para levar. Vários lugares no Brasil já têm essa lei, Londrina precisava acompanhar", destaca.

Ziober explica que somente serão permitidos nos ônibus os animais até 16 quilos, que estejam acomodados em caixas de transporte, das 20h à 5h e entre 9h e 17h. Para aqueles que já tomaram a primeira dose de vacina, a recomendação é levar a carteirinha, que servirá como uma identificação. E somente serão permitidos dois animais por viagem, ou seja, caso já haja dois pets no ônibus, o motorista irá solicitar que o tutor do terceiro aguarde outro ônibus. Podem ser transportados cães, gatos, coelhos, pássaros e pequenos roedores, como hamsters.

Entre os usuários as opiniões se dividem, mas a vereadora não se abala. "Sei que toda mudança gera desconforto, mas depois as pessoas se acostumam. Muitos protetores são humildes, não tem carro e cuidar dos animais é uma questão de saúde pública. Agora mesmo foi retomado o programa de castrações pela prefeitura e o uso do transporte público irá facilitar, já que muitos animais são de beneficiários do Bolsa Família."

A costureira Neide Alegre Machado é uma das tutoras que deve se beneficiar com a nova lei. Responsável por quatro cães e cinco gatos, ela já teve diversos dissabores quando precisou levar uma de suas gatas ao veterinário. "Ela fazia tratamento contra o câncer e precisava ir muitas vezes à clínica. Tinha motorista que não falava nada, mas alguns implicavam. Eu entendo que era o trabalho deles, podia ter algum problema com a empresa, mas era difícil. Com certeza agora ficará bem mais fácil", diz ela, que agora precisa levar a cadelinha Magrela para tratamento de diabetes.

Patrícia Mendes Pereira, veterinária e diretora do Hospital Veterinário da UEL (Universidade Estadual de Londrina), explica que o risco de transmissão de zoonoses, ou seja, doenças que podem ser passadas aos humanos por animais é extremamente baixo, já que os pets serão transportados em caixas específicas.

"Nós veterinários lidamos diretamente com animais doentes todos os dias e é muito raro acontecer alguma transmissão", pondera, acrescentando que em alguns casos seria necessário manipular fezes ou urina desses animais e depois levar a mão suja à boca. "Mas os animais são extremamente limpos e evitam contato com excreções, por isso não devem fazer fazer nada dentro das caixas."

Doenças de pele como sarna também não oferecem risco, já que para isso, segundo ela, seria preciso esfregar a mão no pet doente. Já nos casos de pessoas mais alérgicas, estas podem ficar incomodadas, mas naturalmente acabam se posicionando longe do animal. "É preciso lembrar que não iremos encher o ônibus de bichos, serão no máximo dois."