O magistrado Bruno Régio Pegoraro, 38, faz parte da nova geração, mais consciente da importância de cuidar da saúde
O magistrado Bruno Régio Pegoraro, 38, faz parte da nova geração, mais consciente da importância de cuidar da saúde | Foto: Gina Mardones



É consenso popular que os homens não são muitos adeptos de cuidar da saúde. Grande parte, se não a maioria, só vai ao médico quando se sente muito mal, ou por pressão da esposa. Fazer checkup é algo raro e talvez reservado para quando a idade já está mais avançada. Entretanto, esse panorama vem mudando e aos poucos eles estão percebendo que quanto mais cedo começarem o tratamento para eventuais problemas, melhor.

O magistrado Bruno Régio Pegoraro, 38, faz parte da nova geração, mais consciente da importância de cuidar da saúde. Anualmente ele vai ao cardiologista fazer um checkup e neste ano também procurou um urologista. Pegoraro diz que há alguns anos começou a correr porque estava um pouco acima do peso e foi então que buscou o médico pela primeira vez, para saber se haveria algum problema para começar a se exercitar.

"Meu pai faz checkup anualmente e, como eu treino na academia e pratico corrida regularmente, comecei a fazer exames periódicos. Neste ano achei que era hora de ir ao urologista. Os homens ficam com preconceito em relação a isso, mas as mulheres sofrem mais do que os homens. O importante é se cuidar", destaca.

Nem todos, entretanto, investem em prevenção e alguns acabam indo ao médico só quando algum problema aparece. O gerente de tecnologia José Roberto de Souza, 46, diz que passou a se cuidar depois de levar um susto, há dez anos. Com o peso um pouco acima do recomendado, ele buscou um médico e descobriu que seu colesterol também estava um pouco alto.

"Eu praticava futebol e já não corria muito bem. Depois do susto tenho uma alimentação balanceada, pratico atividade física e evito o consumo de álcool. Agora vou ao médico duas vezes por ano e há oito anos comecei a praticar corrida, tendo participado já de maratonas e ultramaratonas. Cuido do meu peso e se o exame sair um pouco da curva já procuro corrigir", conta.

Souza destaca que muitas doenças são silenciosas, como o colesterol e o diabetes, o que pode causar problemas mais sérios. Por ser jovem, acreditava que não era necessário buscar um médico, mesmo com o histórico familiar de diabetes. "A gente sempre acha que conosco não vai acontecer nada. Já para as mulheres ir ao médico é algo inerente. Nós ainda não temos essa cultura. Hoje sou casado e por ser enfermeira, minha esposa 'pega' no meu pé em relação a isso. Também já fui ao urologista. Os homens precisam mudar seus conceitos."

Novembro é mês de alerta

Novembro Azul é uma campanha anual internacional de prevenção ao câncer de próstata – o mais comum entre os homens, com exceção do câncer de pele não-melanoma. No Brasil, em 2016, foram registrados mais de 60 mil casos da doença. Com 40 anos de prática em consultório, o urologista Arnaldo Cividanes, diretor técnico do Hospital SAHA, em São Paulo, diz que os homens realmente se cuidam menos quando comparados com as mulheres, porém, isso vem mudando. Devido ao maior nível de informação eles têm ido mais ao médico, e também pelo medo que o câncer provoca.

"É importante destacar que aos 40 anos, os homens que tiveram pai, irmãos ou tios com câncer devem buscar o urologista. Para quem não tem casos na família, essa visita pode ser postergada até os 50 anos. É importante destacar que não há nada comprovado em relação à prevenção do câncer e os sintomas costumam aparecer em uma fase já mais avançada. Nos casos detectados no início, o índice de cura é de 85%", explica.

Cividanes conta que para a detecção do câncer são utilizados diversos métodos como exames de sangue específicos, exame de toque retal, ultrassonografia e, se necessário, ressonância. "O único exame que confirma mesmo o câncer é a biópsia prostática, os outros são indicativos, por isso a importância de ir ao urologista regularmente. É claro que podem acontecer casos de câncer antes dos 40 anos de idade, mas isso é raro", garante.

Hiperplasia
Outro problema que pode acometer os homens é o aumento da próstata, a chamada hiperplasia. O urologista explica que esse crescimento pode começar a partir dos 40 anos, embora seja mais comum também a partir dos 50 anos. Entre os sinais está o jato mais fraco de urina.

"A vida sexual e a saúde da próstata começam a ocupar um lugar de destaque nas preocupações masculinas – que podem ser minimizadas com o devido acompanhamento. O paciente passa a ter dificuldade para urinar ou, ao contrário, pode estar percebendo que vai muitas vezes mais ao banheiro do que antes, e não é uma questão apenas de ansiedade. Esse é um dos sintomas de próstata aumentada, que pode ser tratado com medicamentos que melhoram significativamente os sintomas e, principalmente, preservam a saúde da bexiga. Em determinados casos, um procedimento minimamente invasivo pode ser realizado para reduzir o tamanho da próstata", destaca. (E.G)