Certamente você já ouviu falar que nos dias mais frios a tendência é engordar. Porém, as chances de passar ileso pelo outono e inverno sem quilos a mais são maiores do que lhe disseram até hoje, podendo aumentar em cinco vezes a perda de peso. Fazer exercícios nas estações mais frias do ano aumenta em até 30% a queima de calorias.

Você deve estar se perguntando porque nunca lhe disseram isso antes. Pois é, muitas coisas ainda não nos falaram ou mesmo estão para ser descobertas pelas pesquisas sobre metabolismo.

"O que acontece para perdermos peso no inverno é que a temperatura média do corpo é de 36 a 37 graus. Para manter esse calor corporal nos dias frios, o organismo queima mais calorias", explica a endocrinologista Viviane Caroline Paes.

O que faz os dígitos da balança subirem é que, para manter o corpo aquecido, o organismo dispara a vontade de comer alimentos mais calóricos.



"O problema é que ao chegar as estações mais frias, as pessoas deixam de fazer atividade física, aumentando entre 2 e 5 quilos. Quem já faz exercícios precisa manter os mesmos cuidados", assegura a endocrinologista.

As estatísticas da obesidade apontam para uma tragédia mundial. Hoje são 641 milhões de pessoas – 10,8% dos homens e 14,9% das mulheres – consideradas obesas. É o que revela um dos mais acurados retratos da epidemia feito por um grupo internacional de centenas de pesquisadores reunidos na Colaboração de Fatores de Risco de Doenças Não-Comunicáveis (NCD RisC, na sigla em inglês).

Os resultados de pesquisas no Brasil não diferem muito das tendências globais. De 1975 para 2014, a prevalência da obesidade aumentou de 7,4% da população feminina, há 40 anos, para 24%, ou cerca de 18 milhões delas, atualmente, e, de 3,5% para 17,1% ou 12 milhões na população masculina.

Os dados assustam, mas podem impressionar ainda mais ao revelar que muitas dessas pessoas vão morrer de doenças associadas à obesidade, como hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes.

Números que podem ser incentivo para uma mudança de hábitos. A começar nos dias frios em que o metabolismo trabalha a nosso favor para manter ou reduzir peso.

Viviane acrescenta um estímulo a mais ao dizer que estudos do Colégio Americano de Medicina Esportiva indicam que, para manter o peso corporal é preciso entre 150 e 220 minutos de atividade moderada semanal, o que queima 2 mil calorias.

É importante ainda levar em consideração que os exercícios melhoram as taxas de colesterol bom (HDL), diminuem os níveis de glicemia e melhoram a função endotelial, que previne doenças cardiovasculares.

Sabendo de tudo isso, o que fazer quando o friozinho convida para uma xícara de chocolate ou cappuccino quente, depois do treino?

"A sugestão é manter uma alimentação saudável e sem excessos no inverno, apesar do organismo pedir coisas mais gordurosas. Um dos problemas da atualidade são as dietas de cafeteria, que sabotam qualquer programa de manutenção de peso", sugere a endocrinologia ao orientar que fiquemos longe desses alimentos no inverno, se quisermos aumentar em até cinco vezes, a chance de chegar no verão em forma.

'A disposição é outra'

Para muita gente a afirmação de que não tem tempo para treinar é mera desculpa, quando vemos o exemplo de pessoas como a vendedora Karine Lino de Jesus, de 28 anos.

Diariamente, Karine acorda às 5h30 e às 6 horas já está na academia para treinos de musculação e duas vezes semanais de aulas de ritmos. Só depois vai para o trabalho e, no final do expediente, para a faculdade.

"O difícil, principalmente nos dias frios, é levantar da cama, mas, depois que estamos na academia, a disposição é outra", garante.

Há quatro anos, Karine mantém a rotina de exercícios, que a ajudou a construir o shape que desejou.

"Quando comecei a fazer atividade física, o meu objetivo principal era estético. Hoje, eu me preocupo também com a saúde", conta Karine ressaltando que, somente depois dos seis primeiros meses de academia começou a observar resultados. (F.L.)

A hora é agora

Rodrigo Fernandes, especialista em nutrição esportiva: perigo começa com o menor consumo de água no inverno
Rodrigo Fernandes, especialista em nutrição esportiva: perigo começa com o menor consumo de água no inverno | Foto: Marcos Zanutto



O inferno são os outros é uma frase famosa que sugere apontar o dedo para outras causas que a real. O mesmo acontece com a sabotagem da dieta. É mais fácil culpar os dias frios por cair em tentações gastronômicas do que reconhecer que, se tem um culpado, não precisa olhar do lado.

Especialista em nutrição esportiva e mestrando em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Londrina, o nutricionista Rodrigo Fernandes alerta para o perigo de sabotar a dieta no frio, que começa com menos consumo de água.

Ao contrário do verão, no outono e inverno, as pessoas diminuem a ingestão de líquidos. Porém, o consumo deveria ser equivalente porque precisamos de hidratação com o tempo seco.

Uma pessoa de 70 quilos, por exemplo, deve beber oito copos de 170 mililitros por dia mesmo com temperaturas baixas. Este é o primeiro passo que Rodrigo orienta para não perder para a balança.

"A segunda orientação é que, apesar da oferta de alimentos mais calóricos nos dias frios, o ideal é que a pessoa não mude muito a dieta alimentar, comendo cinco frutas por dia, fazendo alimentação fracionada entre cinco e seis vezes ao dia. Isso permite a ingestão de todos os nutrientes necessários, como vitaminas e minerais", afirma Rodrigo.

O nutricionista explica que cada pessoa tem necessidades nutricionais diferentes e que o aumento de peso nos dias frios favorece o efeito sanfona, engordando nos dias frios para emagrecer no verão.

"O efeito sanfona é prejudicial porque a perda de peso pode levar a uma diminuição de massa corporal, o que não é ideal. Gosto de dizer que viver em dieta não é viver se privando, mas saber a hora certa sempre", destaca Fernandes. (F.L.)

Imagem ilustrativa da imagem Bom aliado para emagrecer