O casal, do projeto Vida Wireless, em Hallstatt, na Áustria
O casal, do projeto Vida Wireless, em Hallstatt, na Áustria | Foto: Fotos: Arquivo pessoal



Viajar economizando não é sinônimo de desconforto. Com planejamento e algumas dicas é possível viajar bem, conhecer ótimos lugares e ainda ficar dentro do orçamento. "Quem quer viajar com economia precisa pesquisar, se programar. E isso é demorado. Há quem prefira fazer a compra direto com as agências, que irão cobrar por esse serviço, o que é justo", explica a jornalista Glau Gasparetto.

Ela e o marido, o estrategista digital Adriano Dias, criaram o Vida Wireless, em que viajam trabalhando e trabalham viajando, montando seu escritório em diferentes países. Por conta disso, ambos têm muita experiência em pesquisar e planejar uma viagem e é ela quem compartilha várias dessas dicas:

PERÍODO
* Quais os melhores meses para viajar?
Em geral, os períodos de férias – e verão - são os mais caros, sendo dezembro, janeiro e fevereiro. Já julho e agosto também têm preços mais altos por conta das férias norte-americanas e europeias, o que inflaciona o valor das passagens mesmo aqui no Brasil. Glau aponta que abril – após a Páscoa, setembro e outubro são as melhores datas, levando em conta o clima e os valores.

A jornalista Glau Gasparetto e o estrategista digital Adriano Dias nos terraços de arroz em Ubud, cidade na Ilha de Bali, na Indonésia
A jornalista Glau Gasparetto e o estrategista digital Adriano Dias nos terraços de arroz em Ubud, cidade na Ilha de Bali, na Indonésia



PASSAGENS
* Passagens aéreas, até quando esperar para comprar?
Glau afirma que a maioria das pessoas marca férias e somente depois busca as passagens. Para quem tem flexibilidade no trabalho, o ideal é fazer o contrário, buscar as melhores promoções de voo e somente depois marcar a data das férias. "Uns três meses antes é a data ideal, com prazo máximo de um mês, o que é um risco. Depois disso é mais difícil encontrar bons preços, a não ser que a companhia não consiga lotar o voo e faça alguma promoção de última hora", explica. Para os feriados é recomendável comprar com bastante antecedência já que as companhias até podem fazer ofertas, mas são bem pontuais e com número restrito de assentos.

* Quando ocorrem as promoções?
Para voos nacionais é comum as companhias divulgarem promoções às sextas-feiras, a partir das 20 horas. O ideal é olhar o site de cada companhia aérea, mas para facilitar há diversas ferramentas que ajudam a fazer o monitoramento dos valores e avisam no caso de promoções. Com a necessidade frequente de fazer essa pesquisa, Glau e o marido criaram o TripCo, que mostra os melhores valores para diversos destinos naquele momento e também estabelece parâmetros para indicar se a passagem está realmente barata ou não. "Quem quer fazer a busca em datas específicas pode usar outras ferramentas, como Kayak, Google Flights, Skyscanner. Outros divulgam promoções, como o Melhores Destinos. Encontrando uma data bacana para viajar, recomendo conferir o valor no site da própria companhia. Em geral esses sites direcionam para sites parceiros para concretizar a compra, mas pode ser que na própria companhia esteja mais barato. O inverso também é verdadeiro", diz ela.

* Voo direto é sempre mais caro?
Em tese, sim. Porém, é preciso lembrar que em muitos casos fazer uma conexão significa perder muito tempo até chegar ao destino final. Nesse período é preciso se alimentar no aeroporto, o que gera gastos. "Existe também a taxa de embarque, que é cobrada a cada aeroporto por onde se passa. Além disso, algumas conexões podem exigir visto de entrada no país, como nos Estados Unidos. Para quem não tem o visto, a documentação vai ser um gasto extra. Então é preciso avaliar todos esses valores antes de definir ou não por uma conexão", explica Glau.

* Como definir o roteiro quando se viaja para mais de uma cidade ou país?
Novamente, comprar passagens de ida e volta a partir do mesmo destino costuma ser mais barato, por exemplo, ao viajar para a Europa, chegar e partir de Madri. Entretanto, é preciso novamente levar em conta o tempo de viagem e os custos com deslocamento dentro do continente. "Algumas vezes compensa entrar e sair por países diferentes. Pode ser que você perca um dia só com esse deslocamento, além de ter que pagar hotel e alimentação, o que no fim não compensa. Seguir a geografia para definir o roteiro também pode não ser o mais vantajoso, então viajar para um país um pouco mais distante primeiro pode ser mais barato quando se pega um voo direto, por exemplo."

* Vale a pena pagar por milhas?
Acumular milhas, seja pelos voos ou pelo uso do cartão de crédito sempre é válido, segundo Glau. Já pagar por um programa de milhagem vai depender de cada um e também de cada situação. "É preciso calcular quanto custa a passagem em milhas e quanto custa em dinheiro. Fazer o cálculo de quanto custa cada milha paga por mês e aí avaliar se vale a pena. Mas minha principal recomendação é escolher uma companhia aérea que te sirva mais e acumular suas milhas nela. Muita gente pulveriza entre várias companhias e não consegue resgatar passagens em nenhuma."

HOSPEDAGEM
* Hotel ou aluguel de apartamento?
Nesse quesito é importante se atentar não só para o valor, mas também pela experiência que o viajante deseja. É preciso levar em consideração que em um hotel há diversas comodidades agregadas, como café da manhã, camareira, serviço de quarto e recepção 24 horas. Já ao alugar um imóvel por programas como Airbnb é possível vivenciar as mesmas experiências de um morador local. "É mais em conta mas não tem as mordomias do hotel. É preciso avaliar o propósito da viagem. Quem quer relaxar pode preferir um hotel, já para economizar, o Airbnb pode ser uma boa opção. Para nós, geralmente é uma boa opção porque dependemos da internet para trabalhar e nos hotéis ela é dividida com outros hóspedes. Dependendo do destino, pode haver pousadas com bons preços também. É preciso pesquisar. Dentre os hotéis, aqueles de grandes redes podem ter preços melhores. Inclusive, podem fazer parcerias com agências de viagem, ofertando preços mais baixos do que no próprio site. Outra variável que influencia no preço são grandes eventos, que podem lotar toda rede hoteleira do local em determinada data", explica a jornalista.

* Número de viajantes faz a diferença
Também é importante levar em consideração o número de pessoas que irá viajar. Turmas maiores devem economizar com o aluguel do imóvel. Entretanto, é preciso se atentar que surgirão necessidades como a de limpar o local e, eventualmente, cozinhar, o que pode gerar atritos. O tradicional hostel também é indicado para quem não liga de interagir com outras pessoas e dormir em quarto coletivo. Se a opção for por um quarto privativo, o valor pode acabar sendo semelhante ao de um hotel.

* Preço baixo nem sempre compensa
Outro alerta feito por Glau é em relação à localização do hotel ou apartamento alugado. Alguns podem ser mais baratos justamente por ficarem fora da zona turística, o que não é um problema se o acesso ao transporte for fácil. Entretanto, é preciso calcular os gastos com ônibus, metrô e táxi e, às vezes, um hotel mais caro, mas bem localizado, pode no fim sair mais em conta. "Se você vai viajar para lugares que não conhece é importante pesquisar, ver a opinião de outros viajantes. Alguns lugares, mesmo sendo turísticos, podem ter poucas opções de restaurantes, ou eles podem fechar cedo. Veja também o que está incluído e o que é cobrado à parte. Já ficamos em um hotel em Curaçao que cobrava a energia elétrica, é algo comum lá. Já na Grécia, o aluguel incluía um carro, o que nos fez economizar com o transporte. Tem locais que já oferecem o equipamento de mergulho, por exemplo."

* Hospedagens não tradicionais
Dependendo do destino, é possível se hospedar em locais não muito tradicionais, como em barcos, no caso de Amsterdã, na Holanda. Em países como Croácia e Vietnã é bastante comum o homestay, em que a família mora em uma casa de dois andares, habita o piso de baixo e aluga o superior, por exemplo. "Nesse caso há interação com os anfitriões", lembra ela.

* Comprar em sites de hospedagem compensa?
Alguns desses agregadores de hotel podem dar bônus aos viajantes conforme o uso do serviço. Glau conta que esses benefícios podem ser desde descontos até late check out e traslados. Os sites também podem fazer promoções com alguns hotéis, com preços mais baixos. O importante, segundo ela, é observar se o quarto anunciado é o mesmo que está sendo reservado. "Na dúvida, ligue e confirme, porque às vezes as fotos podem corresponder a um quarto de categoria superior. Observe também se estão incluídas todas as taxas, geralmente elas estão especificadas."

* Como escolher a hospedagem no Airbnb?
A recomendação de Glau é verificar as avaliações de outros viajantes. Em geral, quanto mais avaliações, melhor. Entretanto, alguns imóveis podem ter poucas avaliações, por serem recentes no serviço. Em alguns casos o valor deles pode ser inferior, justamente para angariar mais hóspedes e, assim, mais avaliações. "Já nos hospedamos em um lugar maravilhoso em Orlando (EUA), com um preço muito bom justamente por que o imóvel era recente no Airbnb, tempos depois fomos ver e o valor já estava muito mais alto", conta.

* Quando reservar?
Seja para reservar um quarto em hotel ou uma acomodação em sites, Glau recomenda que seja feito o quanto antes. "Seis meses é um bom prazo."