A caminho do Alasca: uma jornada de descobertas pela América do Sul

Tamiris Mattiazzo e Francis James provavelmente não sabiam da aventura na qual entrariam quando se conheceram. Ela, de Piraju, interior de São Paulo, ele, de Londrina, descobriram que a estrada também é um belo local para se estar. O casal se conheceu na cidade paranaense há alguns anos no trabalho e conforme o tempo foi passando, sentiu vontade de se aventurar pelo mundo.

Com este sentimento, fizeram sua primeira viagem longa de carro no ano passado, em 2023, e o destino foi Porto Seguro, na Bahia. Entretanto, logo nessa primeira experiência eles descobriram que podem haver alterações na rota de qualquer viagem; “o destino era Porto Seguro, só que o carro estragou uma peça no caminho, a gente parou em uma outra cidade que a gente gostou mais do que Porto Seguro, queríamos voltar, até ficar um tempo lá”, afirma Tamaris, após comentar que há algo especial nestas longas viagens, incluindo nas paradas e por um caminho que pode levá-los para diferentes horizontes.

A experiência realmente impactou suas vidas, com a vontade de viajar ainda mais, eles venderam basicamente todos seus pertences e, junto à sua cachorrinha Charlotte, colocaram o pé na estrada. Dessa vez, a viagem será ainda maior e eles se prepararam bem para tal aventura. O casal já tinha o carro que estão utilizando para viajar, um Fiat Palio, mas também adquiriu uma barraca que foi adicionada à parte de cima do teto do automóvel, onde dormem na maioria das vezes, além de versões menores de utensílios de casa, como um pequeno filtro de água, uma mini geladeira e até mesmo uma antena via satélite, que possibilita eles a terem conexão de internet, algo essencial para o casal, já que ambos trabalham remotamente.

Outro recurso que eles possuem em seu carro e é essencial, principalmente para garantir uma viagem sem muitos problemas, são as duas baterias elétricas que trazem consigo no carro e precisam ser recarregadas constantemente. “A gente consegue ter energia elétrica por uns dois dias, mais ou menos, completos, que daí a gente consegue ligar tudo aqui como se fosse a energia elétrica. E daí a bateria tem uma outra peça embaixo do banco dele que converte a bateria para a energia elétrica; a gente consegue carregar notebook, celular, a nossa geladeira…”. Mesmo possuindo vários equipamentos dentro do carro, eles ainda não têm um banheiro e chuveiro portátil e, por essa e algumas outras razões, o casal prefere ficar em campings.

Francis e Tamiris já passaram por várias fronteiras desde que a viagem começou e para estes intercâmbios, precisam se atentar, desde o planejamento do caminho até à documentação necessária, incluindo a de Charlotte, que vai para todos os lugares com eles. “Cada fronteira que a gente for cruzar precisa de um documento dela (Charlotte), por exemplo para vir na Argentina, foi a primeira né, então a gente teve que colocar o microchip internacional nela, que vai valer para todas. E em cada país tem a vigilância sanitária e o ministério da agricultura, que é o que fiscaliza essa questão de doença, de coisas assim”, explica Tamiris.

O idioma também é uma questão para o casal, apesar de não ser necessariamente uma barreira; eles estão atualmente na Argentina e Francis conta que a experiência também é de aprendizado para falar com os nascidos no país: “o espanhol eu tô desenrolando aqui, tô estudando aqui enquanto a gente tá viajando. E querendo ou não, você estando dentro do país né, ouvindo as pessoas falarem, você fica curioso de tentar entender o que que é a palavra que ela fala , aí eu tô estudando espanhol aqui também enquanto tento aprender falando, perguntando”.

O casal possui um perfil no Instagram (@acaminhodoalasca) e canal no YouTube, onde compartilham sobre as viagens que estão fazendo, além da experiência. Atualmente, o objetivo é chegar no Ushuaia, uma cidade argentina conhecida pelo senso comum como “fim do mundo”, por ser a cidade mais localizada na direção sul, mais próxima da Antártica, e eles pretendem chegar lá em menos de um mês a partir desta data. Além deste, eles têm outros dois pontos que pretendem visitar.

Mesmo com os três destinos já estabelecidos e tendo que se planejar, eles relembram as cidades e as pessoas que conheceram com um certo carinho. Cada um tem seu local favorito que visitou até o momento, mas percebem o próprio caminho como algo importante e agregador para as memórias que estão criando com essas viagens.

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* supervisão Patrícia Maria Alves (editora)