A história é clássica. Moça bonita mergulha no universo da moda por inspiração familiar, se encanta e enxerga ali uma boa oportunidade de negócios. Foi mais ou menos assim que Sarita Pfeifer tornou-se um nome conhecido dentro e fora de Londrina quando o assunto é vestido de festa.
O tino para a moda já era visível desde quando ela, hoje com 36 anos, era uma criança. Cortava bonequinhas em revistas, colava roupinhas e mudava o look de todas as bonecas que ganhava. Quando moça, resolveu fazer um curso de Desenho de Moda, no Senac. Na mesma época, passou na faculdade de Fonoaudiologia. O tempo era dividido entre os livros e o trabalho ao lado de sua mãe, Eliane Donadel, que acabava de inaugurar uma primorosa loja de roupas.
''Eu montava vitrine, organizava desfiles e eventos da loja. Fiquei trabalhando com minha mãe durante 16 anos. Nesse tempo casei, me formei e fui gerenciar a segunda loja que ela inaugurou, dessa vez em um shopping'', relembra.
Nessa época, a expertise acumulada durante anos de trabalho no ramo da moda e a faceta criativa de Sarita ficaram bem evidentes. Notou que, além de roupas, a procura por acessórios era grande. Com um dom natural, começou a criar colares, brincos e anéis. Era o ano de 1999 e desde a primeira peça feita e vendida, Sarita tomou de assalto o coração das mulheres ávidas por acessórios imponentes e cheios de estilo.
''Comecei a fazer e vender muito. O Anwar Hauly, amigo meu, era amigo da Ivete Sangalo e queria presenteá-la com algo exclusivo e pediu para que eu fizesse uma peça para a cantora. Um dia depois ela usou o colar no programa ao vivo da Hebe Camargo. Além dela, Luciana Gimenez e Luana Piovani também compravam. Fiz peças durante um tempo para a Doc Dog (marca de roupas e acessórios) e recebi um convite da Le Lis Blanc para produzir peças para a marca, mas acabei não aceitando por uma série de fatores'', conta.
Os acessórios que Sarita criava tornavam-se uma grife e ganhavam holofotes. Sua personalidade paradoxal, forte em alguns momentos, leve em outros tantos, era transmitida para suas criações, de design igualmente marcante. Na época, já mãe de Felipe, engravidou de seu segundo filho e recebeu a notícia de que se tratava de uma gestação de risco. ''Foram nove meses em casa, de repouso total, sem poder fazer nada. Quando Lorenzo nasceu, voltei a trabalhar com minha mãe.''
Inquieta, Sarita vivia dando pitacos na loja da mãe. Queria, segundo ela, coisas diferenciadas. Eis que então, com o apoio de todos da família, resolveu abrir sua loja em Londrina, a Maison Sarita Pfeifer. ''Para isso, tive a experiência de anos trabalhando ao lado da minha mãe. Eu via que vendia primeiro sempre as coisas que eu gostava. Quero que a pessoa vá na minha loja confiando no meu gosto. Tudo que compro eu gosto e usaria'', confidencia.
No espaço, de 300 metros quadrados, a sofisticação está impressa em cada detalhe - tanto na arquitetura quanto nas coleções. Com tino para os negócios da moda, Sarita tranformou seu nome em uma conhecida grife de vestidos de festa. Os modelos, direto de Nova York, custam entre R$ 400 a R$ 8 mil. ''Chego a ir até cinco vezes por ano para os Estados Unidos'', completa.
A loja está apenas há um ano no mercado londrinense, mas nesse tempo conquistou clientes que vão além da esfera local. ''A cliente que vem aqui vira amiga, isso porque vender um vestido de festa não é como vender um jeans, por exemplo. A pessoa vem, prova, volta com a mãe, com a amiga, o namorado. Ela quer muita opinião, pois essa roupa vai ser usada em um momento marcante. Nessas idas e vindas, muitas se transformam em amigas. Tenho muito alegria de ajudar a cliente.''
Como empresária, o nome de Sarita Pfeifer também ganha notoriedade virtual. Isso porque a já comentada inquietação e uma vontade de fazer diferente fizeram com que ela ganhasse no Instagram (um aplicativo onde as pessoas tiram foto e compartilham em redes sociais) milhares de seguidoras eufóricas pelos looks do dia. Sem perder a bossa e a personalidade, seu estilo transita entre o elegante, o clássico e o casual. Talvez resida aí o motivo de duas mil pessoas a seguirem, além de ''curtirem'' e comentarem suas fotos.
Desde a inauguração do seu espaço, Sarita aposentou seu lado designer. O tempo dedicado às criações é todo voltado a compras e atendimento a clientes. ''Faço uma peça ou outra. Meu tempo ficou curto. Acordo as seis da manhã todos os dias. Minha vida não é nada glamour'', diz ela, que mesmo com tanto talento para desenvolver lindos colares, anéis e pulseiras, não se arrepende de ter parado.
''Minha loja é a realização de um sonho. Meu foco é ela e, claro, minha família. Quero continuar oferecendo vestidos únicos, com ótimo atendimento para minhas clientes'', explica, orgulhando-se também de ser exclusiva de várias grifes renomadas de sapatos.
Por mais que o mundo do luxo envolva Sarita Pfeifer quase em tempo integral, a jovem empresária passa longe de ser uma pessoa cheia de frescuras. Em sua loja, ela confidencia que sobe e desce escadas o dia inteiro e jamais nega um atendimento fora do horário e dias comerciais.
''Também nunca fui de usar salto, agora com a loja passei a usar mais. Estou me maquiando mais, me arrumando mais. Confesso que era pacata e hoje sou agitada. Pode não parecer, mas não sou adepta só de marcas. Eu misturo tudo. Adoro comprar em lojas de departamento. Um dia estou 'paty', no outro clássica, num outro, básica. Mas sempre dou um toque de Sarita. Vestir-se é um estado de espírito'', acredita ela.