DJ paulistano esteve em Londrina onde mais uma vez agitou o Empório Guimarães, tocando na Festa Empório Lounge
DJ paulistano esteve em Londrina onde mais uma vez agitou o Empório Guimarães, tocando na Festa Empório Lounge | Foto: Gina Mardones



No início dos anos 2000 ele agitava a noite londrinense com o house music, no que ficou conhecido como Empório Lounge. Hoje, há sete anos morando na cidade sinônimo de festa e diversão – Ibiza, se aventura em novos projetos e quer a música como hobby. Com 25 anos de carreira e a experiência de ter tocado em algumas das pistas mais badaladas do mundo, o DJ paulistano Pablo Palumbo esteve em Londrina na semana passada, onde mais uma vez agitou o Empório Guimarães, tocando na Festa Empório Lounge.

Vir para Londrina anos atrás, segundo ele, foi algo que aconteceu sem planejar. Ele morava em Curitiba e após o fechamento da casa em que tocava, fez contatos aqui e foi convidado a vir tocar no Empório Guimarães. Na casa teve a liberdade de criar um novo conceito, que fez muito sucesso e lotou as pistas de dança por muitos anos.

"Fiquei oito anos aqui e depois fui para Ibiza. Eu já tinha ido duas ou três vezes para lá, pensei que era a oportunidade. Tinha uma empresa de locação de som em sociedade com mais uma pessoa, ai fui. A sociedade não deu certo, tive que recomeçar tudo de novo e agora estou começando a colher frutos", diz.

Nos últimos três anos Palumbo se afastou um pouco das pickups e investiu em novos conhecimentos, como arte e culinária. O resultado é um novo projeto em parceria com a esposa, a artista plástica Margot Jabbour, para o qual aproveitou sua passagem por Londrina para fazer contatos. "Montamos uma oficina de arte, que está muito em moda, é algo mais completo que uma galeria, que sozinha não sobrevive."

A ideia é promover um intercâmbio entre profissionais brasileiros e espanhóis, nas mais diversas frentes: arte, música, gastronomia. "Meu pai já foi presidente da Companhia Paulista de Teatro e fez muito esse intercâmbio. Sempre viajei com ele para fora. Como sonoplasta ou iluminador dos espetáculos sempre estive no meio disso, depois fui trabalhar como DJ. E Londrina sempre ficou guardado e agora comecei a fazer um trabalho em São Paulo e aqui, e está começando a surgir contatos. Londrina foi sempre referência de arte, dança, teatro", justifica.

Paralelamente, um outro projeto também está em andamento, desta vez, no campo social. Em uma palestra Palumbo ouviu falar do Projeto Conexus, um coletivo de artistas que viaja pelo mundo fazendo intervenções em locais de vulnerabilidade social, como campos de refugiados de guerra.

"Acabamos (ele e a esposa) de fazer uma exposição em Ibiza falando do Líbano, falando sobre a cultura da mulher reprimida do mundo árabe e também com o tema dos refugiados. A Espanha é um dos poucos países que não recebeu sírios. E o Conexus é um projeto social que vai nos assentamentos sírios no Líbano e também fora, leva papel, caneta, pincel, para a molecada pintar. A ideia é viajar o mundo levando arte. A gastronomia é mais complicada, mas tem a ideia de cozinhar com pouco. (A ideia) é tentar dar um pouco mais de riqueza porque nesses assentamentos eles vivem 'bem', mas veem o mundo passar e não acontece nada culturalmente, não têm um ensino, não têm nada. E o projeto é gratificante porque dele vai sair um pintor, um DJ, pode sair um cozinheiro. A ideia é angariar talentos", afirma.

Com tantas atividades, ele diz que está voltando aos poucos a atuar como DJ, em forma de hobby, com a liberdade de escolha de tocar o que quiser. Dois programas de rádio para falar sobre música e arte também estão previstos para 2018.

"É muito difícil tocar em Ibiza, é o melhor lugar do mundo. É bem complicado, mas quando você tem outras coisas, como o programa de rádio, as portas vão se abrindo. As pessoas pensam que Ibiza é só festa, mas tem história de arte, tem vinhos e azeites maravilhosos, azeitona, frutas. Ibiza lembra Londrina porque a terra é vermelha também. Ali é uma ilha paradisíaca e os hippies americanos que fugiam da guerra do Vietnã levaram a música eletrônica e as festas. E as ilhas Baleares são totalmente diferentes da Espanha. É um lugar que não passou pela crise tão forte como a da Europa, porque sempre teve o negócio noturno que sustentava e sustenta até hoje. Mas isso também está mudando, antes na ilha era seis meses (de festa) e seis meses de tranquilidade, agora são oito, nove meses de festa e três de tranquilidade. O inverno está começando a ser muito melhor do que o verão. O que toca em Ibiza hoje não é o som de Ibiza. O som de Ibiza acontece no inverno ou em lugares pequenos. Os DJs de lá tocam no verão mas não fazem sucesso porque se negam a tocar música comercial", descreve.

Palumbo conta que não tem intenção de voltar a viver no Brasil, mas pretende vir mais vezes para o país. Além de visitar os parentes, ele espera também voltar para contatos profissionais. Sobre Londrina, após sete anos, ele destaca o crescimento, principalmente na zona sul. "Fiquei feliz de ver quantos negócios abriram ali. Mas faltam lugares para diversão ainda, podem ser lugares pequenos. Saímos outra noite e estava tudo fechado à uma hora da manhã. Londrina também é uma cidade limpa, mas falta luz, e cidades escuras propiciam o roubo, assalto, furto. No mais, a cidade continua com uma energia fantástica!"