Arthur Duarte passou uma temporada na Índia e voltou decidido a profissionalizar seu trabalho como freelancer: "Desenhar sempre foi algo natural, o que eu realmente gosto de fazer"
Arthur Duarte passou uma temporada na Índia e voltou decidido a profissionalizar seu trabalho como freelancer: "Desenhar sempre foi algo natural, o que eu realmente gosto de fazer" | Foto: Saulo Ohara



A grande sala ocupada por um mesa de parede a parede, com notebooks e quadros à vista e uma enorme janela para o Bosque Central é o home office escolhido pelo designer gráfico londrinense Arthur Duarte.

É de lá que saem as ilustrações que estampam cartazes e revistas vendidas Brasil afora. E mesmo que ele passe despercebido entre as pessoas, Arthur pode afirmar que vive um momento profissional efervescente. "Está faltando tempo livre", responde.

Prestes a inaugurar um estúdio em parceria com uma amiga, também da área de design gráfico, Duarte conta que precisou se desligar de Londrina por oito meses, para validar a ideia de se profissionalizar.

"Entrei na UEL em 2009 e vivia fazendo estágios até conseguir um emprego fixo. Mas eu quis buscar outras experiências. Fui em 2015 para Goa, na Índia, onde trabalhei em uma agência de publicidade", lembra, contando que o escritório tinha grandes clientes e, portanto, trabalhar muitas horas por dia era rotina. "Foi desgastante e enriquecedor. Morar na Índia me deu muitas referências visuais, culturais e, claro, contatos", completa.

Essa oxigenada foi, para ele, providencial. "Voltei com muita vontade de trabalhar, de profissionalizar meu trabalho como freelancer. Agora, tenho uma rotina de trabalho mesmo atuando em casa, montei um planejamento para divulgar meu portfólio e atender os clientes e estou sempre prospectando", comenta.

Com 27 anos de idade, Duarte prefere as manhãs para produzir e quando falta um detalhe para fazer "aquela" diferença no desenho, ele sai para pedalar. "Às vezes, vou até a UEL assistir alguma aula de arte", diz.

Comunicativo, mas sem pressa com as palavras, Duarte conta que alimentava na infância o desejo de seguir a carreira de arquiteto. "Até que uma prima minha entrou no curso de Desenho Industrial e eu, aos 9 anos, tive a certeza que aquilo era para mim", diz ele, que não chegou a frequentar nenhum curso além da faculdade. "Tudo se torna uma referência e desenhar sempre foi algo natural, o que eu realmente gosto de fazer. Sempre fui do lápis, papel e muito photoshop", acrescenta.

E a melhor vitrine para divulgar seu trabalho são as redes sociais. "Quando ganhamos uma medalha do Behance (uma rede social para criativos) pelo trabalho realizado para o Festival de Cinema Kinoarte, ganhei um pouco de visibilidade", diz o artista, se referindo a uma série de quadrinhos criados com outros designers londrinenses.

Duarte também participou de um projeto em São Paulo chamado "Alfabeto do Samba", onde teve a missão de representar graficamente o compositor Adoniran Barbosa. Seu talento também deu vida ao cartaz de 15 anos da Ancine (Agência Nacional do Cinema) e para a campanha do Bradesco nas redes sociais, durante as Olimpíadas de 2016.

"Também já ilustrei matérias das revistas Superinteressante e Mundo Estranho. Além disso, duas vezes por mês sou o responsável pelos cartazes de divulgação da festa Barbada, aqui da cidade. Tenho autonomia para a escolha dos temas e liberdade para criar. É um laboratório para mim", comenta.

Em uma só ilustração, Duarte gosta de experimentar diferentes estilos como aquarela, grafite, fotografia, colagem e ilustração digital. "Tem trabalho que demoro dois meses para desenvolver e outros apenas uma manhã", revela.

Sobre a criatividade, Duarte dá todos os créditos aos seus pais, que os estimulava, ele e a irmã mais velha, com muitos materiais e processos artísticos.

"Minha mãe é formada em Educação Artística, mas apesar de nunca ter exercido a profissão, sempre nos ensinava algo através das brincadeiras. E meu pai é dentista, mas também gosta de criar coisas, tipo um 'professor pardal'", brinca.

Sobre as obras autorais, Duarte tem uma forte inclinação para o cenário cultural londrinense. "Acho que existe uma maior liberdade e menos ego", justifica, enfatizando que a concorrência na área cresceu muito nos últimos anos, o que também agregou mais valor aos profissionais.

E para seguir os rumos de grandes artistas, Duarte vai de traço em traço projetando o futuro. Motivado ou não pelo belo visual da janela de casa ou pelas brincadeiras quando criança, a verdade é que ele está não só desenhando o próprio caminho, mas o deixando ainda mais colorido.