Sérgio Dalcin, de 33 anos: "Se não fossem as rodas de violão em família, nos almoços de domingo no sítio do meu tio, eu não teria despertado o interesse por estudar música"
Sérgio Dalcin, de 33 anos: "Se não fossem as rodas de violão em família, nos almoços de domingo no sítio do meu tio, eu não teria despertado o interesse por estudar música" | Foto: Gustavo Carneiro



"O bom filho a casa torna". Após 13 anos vivendo no Rio de Janeiro, com um espaço consolidado no cenário artístico nacional, o cantor, compositor e ator Sérgio Dalcin, de 33 anos, resolveu fazer o movimento contrário. Há dois meses mudou-se para Londrina a fim de se reconectar às raízes das terras do Norte do Paraná, que moldaram a personalidade e os dons desse artista que nasceu e viveu até os 20 anos em Bela Vista do Paraíso. A decisão o possibilita seguir disponível para os trabalhos em musicais e projetos culturais e ao mesmo tempo atende a um desejo antigo de Dalcin de restabelecer a rotina dos "almoços em família".
"Interior é interior. E sou muito grato às minhas raízes que foram decisivas na formação dos meus valores, no amor à terra e até mesmo nos rumos que trilhei profissionalmente. Se não fossem as rodas de violão em família, nos almoços de domingo no sítio do meu tio, eu não teria despertado o interesse por estudar música, canto e violão aos 10 anos de idade, que me levaram a descobrir outro dom, o de atuar. Não por acaso todos os meus trabalhos como ator estão vinculados à música e muitos deles são espetáculos primorosos, sonho de qualquer ator", afirma Dalcin, que participa neste sábado (17) em Curitiba do musical "Milton Nascimento - Nada Será Como Antes".
O artista, que teve seu ouvido musical lapidado por grandes nomes da moda de viola e sertaneja, no trabalho de imersão no universo da obra de Milton Nascimento se maravilhou com as pontes entre os dois estilos musicais. "Tem muito do universo do interior, de temas da terra nas músicas do Milton. Eu que só conhecia Coração de Estudante, por conta das apresentações escolares, fui arrebatado pela genialidade dele. Ele toca o âmago das pessoas", elogia. "Tocar o coração de alguém em algum lugar, compor com alma e coração. Na minha opinião é esse o fio condutor do artista e a ponte entre a obra do Milton e a música sertaneja de raiz", acredita Dalcin.
Acumulando na carreira três espetáculos dos diretores Charles Möeller e Cláudio Botelho, Dalcin integrou algumas das produções mais aclamadas pelo público brasileiro nos últimos anos: "Hair" , "Beatles Num Céu de Diamantes" e, desde 2014, "Milton Nascimento - Nada Será Como Antes". Atualmente, participa também do musical "Nuvem de Lágrimas", com direção de Tânia Nardini e Luciano Andrey, que é uma adaptação do clássico "Orgulho e Preconceito", da escritora inglesa Jane Austen, ao ambiente urbano contemporâneo do interior do Brasil. O repertório é formado por músicas de Chitãozinho e Xororó. "O 'Nuvem de Lágrimas' me possibilitou a aproximação de uma dupla que convivi na infância, pois meu pai Orlando conhecia o Chitãozinho e o Xororó muito antes deles serem reconhecidos do grande público. E além do musical, eu vou gravar uma música deles, 'Caipira', no meu EP, que marca a retomada da minha carreira como cantor e compositor", revela. "Todos os trabalhos foram extremamente prazerosos e sou grato pelo reconhecimento que conquistei por parte do público e de quem trabalhou comigo. Para o Hair, participei de uma seleção com mais de cinco mil atores para 30 personagens. Já para o musical sobre a obra do Milton fui convidado, até porque o ritmo de produção da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho é extremamente ágil e nem todo mundo se adapta. Tivemos pouco mais de 30 dias de preparação até a estreia em 2014, mas todo o cansaço é superado pelo resultado final", avalia Dalcin.
Além dos musicais, o artista fez participações na novela Malhação, na Globo, e nas duas últimas temporadas de "Gaby Estrella", novela infantil do canal Gloob. No cinema, recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante no 6º Festival de Cinema da Lapa, com o personagem Petrus, do longa-metragem "Somos Tão Jovens", dirigido por Antônio Carlos da Fontoura.
Acostumado a fazer imersões para entender a proposta de cada musical, a decisão de Dalcin em voltar ao interior também foi motivada pelo projeto do seu primeiro disco. No lançamento do single, com a música "Caipira" e a participação de Chitãozinho e Xororó, foram registradas 250 mil visualizações nas redes sociais em 24 horas. Dalcin pretende sair em turnê em 2017 para divulgar o disco que terá três músicas compostas por ele, "Pirei, "Momentos" e "Tanto faz".

Serviço
"Milton Nascimento - Nada Será Como Antes"
Data: hoje (17), às 19h.
Local: Praça Nossa Senhora de Salete, em frente ao Palácio do Governo (Centro Cívico), em Curitiba
Entrada franca.