Mário Ogasavara formou-se em Administração de Empresas, na UEL, e não parou mais de estudar: "Já na faculdade sabia que queria me dedicar à academia"
Mário Ogasavara formou-se em Administração de Empresas, na UEL, e não parou mais de estudar: "Já na faculdade sabia que queria me dedicar à academia" | Foto: Divulgação


Mário Ogasavara já trabalhava nos negócios da família, no ramo de alimentação, quando entrou para o curso de Administração de Empresas, na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Logo, a escolha universitária pareceu bem natural, a do herdeiro pensando em dar sequência ao empreendimento. "Mas muitos questionaram o fato de eu não fazer Medicina, já que sempre fui de estudar muito", lembra.

E foi justamente o empenho aos estudos que vem moldando sua premiada carreira desde então. A primeira das conquistas veio com o diploma, que lhe foi entregue junto com a láurea acadêmica, confirmando-o como o melhor aluno da turma. No mês passado, em Nova Jersey (Estados Unidos), Ogasavara recebeu o Martin Rahe Award para seu trabalho apresentado durante a conferência da Society for Global Business and Economic Development (SGBED).

Uma olhada em seu currículo no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) demanda um certo tempo pela quantidade de itens, seja de titulação quanto nos projetos de pesquisa e nos prêmios. "Já na faculdade sabia que queria me dedicar à academia", conta Ogasavara.

Depois de uma pós-graduação na UEL, ele foi indicado para uma bolsa do governo japonês e trilhar o caminho inverso dos avós. "Em 2000 fui para o Japão fazer mestrado na Universidade de Tsukuba, próximo a Tóquio", lembra o sansei (terceira geração, neto de imigrantes). "Quando cheguei um professor de lá tinha acabado de receber um prêmio Nobel, fazia seis anos que o Japão não tinha um Nobel. Foi uma festa", explica.

Foram seis anos morando no Japão, onde ele ainda fez o doutorado pela mesma universidade. Foi o único do grupo que foi para lá com a mesma bolsa que conseguiu o feito de passar para as aulas da próxima titulação. Além dos dois títulos, Ogasavara também se casou com uma brasileira descendente de japoneses e que, como ele, seguia a carreira acadêmica, mas em antropologia. "Ela é do interior de São Paulo, mas nos casamos em Londrina", cita.

Atual Coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Gestão Internacional (PMDGI) da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), em São Paulo, Ogasavara ainda passou por Cingapura, onde fez o pós-doutorado na National University of Singapore. "O contato com os professores que você está citando nos trabalhos aprofunda a pesquisa", relata, sobre a rede de contatos que foi formando ao longo dos últimos 16 anos. A mudança para Cingapura, por exemplo, foi inspirada por um dos professores de lá que conheceu em uma das conferências que participou.

O retorno para o Brasil, em 2008, não o trouxe exatamente para mais perto da família, já que recebeu convite para ser coordenador de pós-graduação da Universidade de Fortaleza (CE). Segundo Ogasavara, o tópico na época coincidia com o foco dos seus estudos, a gestão internacional e estratégias de internacionalização de empresas. "Muitas empresas do Brasil estavam se internacionalizando", lembra. Simultaneamente à temporada cearense, que durou até 2013, o londrinense ministrou aulas na Alemanha, como professor visitante da University of Deggendorf.

Com pelo menos duas participações anuais em conferências internacionais, o pesquisador londrinense lembra que são necessários pelo menos seis meses de antecedência para preparar o trabalho para ser apresentado. "Não dou muitas aulas, posso me dedicar mais à pesquisa e a formar pesquisadores. E muitos deles aplicam essa expertise nas empresas", ensina. "Pesquisa é difundir o conhecimento."

Os brasileiros, segundo Ogasavara, ainda formam um grupo pequeno nesses encontros mundiais. "São 15 a 20 em mil participantes", lista. "Os maiores influenciadores hoje são os Estados Unidos e a Inglaterra", aponta. Nesse cenário, as conquistas internacionais ano após ano do londrinense acabam ganhando uma dimensão ainda mais importante.